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INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA

INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA

A integração lavoura-pecuária é um sistema de produção que tem como premissas a diversificação, rotação, consorciação e/ou sucessão das atividades de agricultura e de pecuária dentro da propriedade rural, de tal maneira que há benefícios para ambas.

Possibilita que o solo seja explorado economicamente durante praticamente todo o ano, favorecendo o aumento na oferta de grãos, de carne e de leite a um custo mais baixo devido à sinergia que se cria entre a lavoura e a pastagem.

A Fundação MS (www.fundacaoms.com.br) vem investigando o assunto em profundidade através de linhas de pesquisa que conjugam o rigor técnico com a preocupação com a aplicabilidade prática dos resultados obtidos, através de um estreito relacionamento com os produtores.

O texto abaixo, de autoria do Dr. Dirceu L. Broch (pesquisador da Fundação MS) aborda o tema e detalha os principais conceitos deste modelo de produção.

INTEGRAÇÃO LAVOURA–PECUÁRIA: UM SISTEMA DE PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL
Engo Agro M.Sc. Dirceu Luiz Broch

Pesquisador da Fundação MS (www.fundacaoms.com.br)

1 – O que é?

Para melhor entender o que significa a Integração Lavoura-Pecuária serão relacionados a seguir alguns conceitos sobre o tema:

Conceito 1: é ter a propriedade voltada para a produção de grãos e carne simultaneamente;

Conceito 2: é ter as atividades agrícola e pecuária de forma programada, onde uma atividade beneficia a outra e ambas beneficiam o proprietário, o solo e o meio ambiente;

Conceito 3: são sistemas de produção de carne, leite, grãos, fibras ou agroenergia, produzidos em consórcios, sucessão ou rotação na mesma área, buscando efeitos sinérgicos ou complementares para a sustentabilidade do agronegócio.

2 – Onde surgiu?

O Sistema de Integração Lavoura-Pecuária na região Centro-Oeste iniciou-se no município de Maracaju (MS), nas propriedades dos produtores Ake B. Van der Vinne e Krijn Wielemarker, no ano de 1989. Oriundos do sul do país, os dois agricultores ficaram fãs do sistema plantio direto na palha que estava se iniciando por lá. Queriam de toda a forma introduzir o sistema em suas propriedades, mas o grande desafio era fazer rotação de culturas e obter palhada, que são dois princípios básicos para o sucesso do sistema plantio direto na palha. Eles tinham em suas propriedades parte da área com atividade pecuária, onde as pastagens de Brachiaria decumbens e Brachiaria brizantha, que foram formadas após a correção da acidez e fertilidade do solo e o cultivo de soja e milho. Ao perceberem que as pastagens poderiam ser a alternativa para fazer ao mesmo tempo rotação de culturas e a produção de palha, fizeram o 1o plantio direto de soja sobre pastagem.

3 – Por que surgiu?

No Centro-Oeste (Maracaju/MS), surgiu inicialmente pela necessidade de fazer rotação de culturas com a soja, pois na região Centro-Sul do Estado de Mato Grosso do Sul, devido á alta temperatura noturna e a ocorrência de veranicos, a cultura do milho verão é de alto risco. Outra necessidade era a produção de palha para o plantio direto da soja, pois as plantas forrageiras, principalmente Brachiaria decumbens e B. brizantha e Panicum maximum cv. Tanzânia produzem uma maior quantidade de palha, com maior estabilidade (duração), e por um período maior de tempo, ficando o solo sempre coberto e protegido.

Hoje em dia, além da cobertura do solo para o plantio direto na palha e da rotação de culturas que beneficiam diretamente a agricultura, a Integração Lavoura-Pecuária (ILP) é utilizada para recuperar e/ou renovar pastagens degradadas, pois através da integração, utilizando-se a cultura da soja, o retorno do capital investido é mais rápido, uma vez que após 4 meses do plantio ocorre a colheita e a comercialização da soja, e o fertilizante químico residual e o nitrogênio fixado pela soja produzem uma pastagem de alto vigor e valor nutritivo. Assim sendo, com a agricultura na propriedade, ela possibilita ter uma pecuária mais eficiente e lucrativa.

4 – Como está?

A integração está sendo utilizada em várias regiões do país, mas numa adesão aquém do necessário e do esperado. Isto se deve ao fato de que o pecuarista possui a maior parte de suas áreas com pastagem e faz uma pecuária extensiva, extrativista e de baixo investimento – está na cultura do pecuarista fazer pouco investimento na atividade.

Outros fatores que limitam a velocidade de adesão é o alto valor inicial necessário para a correção da acidez e da fertilidade do solo, compra de máquinas, falta de crédito e de seguro agrícola.



5 – Etapas para obter sucesso na Integração Lavoura-Pecuária.

5.1 – Conscientização. A primeira etapa para o sucesso da Integração Lavoura-Pecuária é a conscientização do pecuarista e do agricultor para o tal fato. De forma resumida, seguem os benéficos da agricultura para a pecuária, da pecuária para a agricultura e da Integração Lavoura-Pecuária.

Benefícios da agricultura (soja) para pecuária

Retorno mais rápido do capital investido na correção do solo;
· Recuperação da produtividade da pastagem;

· Fornecimento de nutrientes para a pastagem;

· Possibilita a semeadura de pastagens (aveia, milheto, Pé-de-galinha, sorgo, etc) para alimentação animal na entre-safra da soja, época crítica para a pecuária (abril a setembro);

· Facilita a troca de espécie forrageira;

· Rotação de culturas

Benefícios da pecuária (pastagem) para agricultura

Recuperação das características físicas do solo (descompactação e estrutura);
· Aumento no teor de matéria orgânica e da atividade biológica do solo;

· Aumento na capacidade de armazenamento de água no solo;

· Cobertura de solo para o plantio direto;

· Rotação de culturas para a soja, diminuindo pragas e doenças.

Benefícios da Integração Lavoura-Pecuária

Aumento na produção de grãos e carne;
· Melhora e conserva a fertilidade do solo;

· Maior estabilidade econômica;

· Maior sustentabilidade;

· Valorização pessoal, profissional e da propriedade.



5.2 – Informações sobre o tema. Hoje em dia, mais do que nunca, para se obter sucesso no empreendimento é fundamental conhecer os fatores de produção, as tecnologias para obter bons resultados. Por isso é fundamental o acompanhamento de um técnico, que conheça o assunto.



5.3 – Levantamento detalhado do solo. Ir até a propriedade e levantar informações a respeito da área aonde se irão trabalhara com a tecnologia, tais como:

a) características químicas

Histórico da área;
· Análise completa do solo nas profundidades de 0 – 20 cm e de 20 – 40 cm;

b) características físicas

Erosão (laminar, sulco ou vosorrocas) e trilheiros;
· Arbustos, troncos, raízes, tocos e pedras;

· Compactação.

Caso houver impedimentos químicos e/ou físicos para a realização do plantio direto da soja na recuperação da pastagem degradada, deve-se fazer a adequação do solo através do preparo convencional, de preferência no mínimo seis meses antes do plantio da soja. Com isso, elimina-se o impedimento físico e se necessário os químicos (principalmente a acidez) através da incorporação do calcário e gesso. Após estes procedimentos, a pastagem forma-se novamente pela sementeira que estava no solo ou pode-se utilizar sementes de pastagens de Brachiaria ruziziensis ou Brachiaria decumbens ou Panicum maximum cv. Tanzânia, misturadas com sementes de aveia, milheto ou sorgo forrageiro. Deixa-se o gado pastejar de 3 a 12 meses, retira-se os animais no mês de setembro, desseca-se a rebrota das pastagens e faz-se o plantio direto da soja com segurança nos meses de outubro a novembro.



5.4 – Manejo da pastagem. Deve-se manejar a pastagem de forma correta, para que no momento da dessecação a planta forrageira esteja apta para absorver o herbicida de manejo possibilitando o seu controle (morte), e após permitir a operacionalidade do plantio. Para que isto ocorra é necessário manejar corretamente a pastagem com os animais, rebaixando a pastagem a mais ou menos 15 cm de altura e que esta apresente intenso vigor vegetativo por ocasião da aplicação dos herbicidas. A falta ou excesso de palha é prejudicial para a obtenção de boas produtividades da soja, por isso o manejo adequando da pastagem antes da dessecação e plantio da soja é fator fundamental.



5.5 - Dessecação da pastagem. Após o manejo adequado, aplicar o herbicida glyphosate ou sulfosate na dose de 4,0 l/ha com antecedência mínima de 7 dias da semeadura. Geralmente se aplica de 15 a 25 dias antes da semeadura da soja, sendo que, quanto maior a altura das pastagem maior deverá ser o período entre a 1o dessecação e a semeadura da soja. A 2o Aplicação geralmente é feita de 1 a 2 dias antes da semeadura, ou no máximo até três dias após, com o objetivo de eliminar rebrotas e plantas provenientes da sementeira do solo, com glyphosate ou sulfosate na dose de 1,5 a 2,5 l/ha, dependendo da espécie forrageira e da intensidade de rebrota da mesma. Para a Brachiaria humidícula e Paspalum notatum (grama mato grosso ou batatais) usar na 1a aplicação glyphosate ou sulfosate, na dose de 4,0 a 5,0 l/ha, e na 2a aplicação na dose de 2,0 a 3,0 l/ha, adicionando-se 1,0 l/ha de Assist.

Atualmente, com a tecnologia da soja Roundup Ready (Soja tolerante ao glifosato) facilitou muito o controle das pastagens, aumentando a segurança no plantio direto da soja sobre pastagens na Integração Lavoura-Pecuária.



5.6 - Fertilidade do solo. Em termos de fertilidade do solo, é óbvio, que quanto mais fértil for o solo, maior será o sucesso no sistema de integração lavoura-pecuária, ou seja, maior será a produção de grãos e carne. No entanto, a realidade das pastagens degrada é outra, pois só no Cerrado encontram-se em torno de 30 milhões de ha de pastagem degradadas e destas mais de 60% do solo está ácido e com baixa fertilidade pelo fato da atividade pecuária ser feita de forma extrativista. Assim, o gargalo para a recuperar pastagens degradadas em plantio direto está na fertilidade do solo. A FUNDAÇÃO MS pesquisando o sistema a mais de 12 anos, procurou responder a seguinte questão: Até que níveis de acidez e fertilidade do solo pode-se entrar recuperando pastagem com o plantio direto da soja? De acordo com os resultados de vários trabalhos feitos nesta Instituição, pode-se responder parte desta questão. É possível recuperá-las em plantio direto, com níveis de fertilidade menores do que se imaginava inicialmente, bastando aplicar uma dose correta de calcário e gesso na superfície e uma dose adequada e equilibrada de nutrientes no sulco de plantio. Mas sempre se deve levar em consideração qual é o objetivo da propriedade, ou seja, ter uma agropecuária de baixa, média ou alta produtividade? Pois a correção da acidez do solo e dos níveis adequados dos nutrientes, são fatores primordiais para atingir o objetivo almejado. Para maior chance de sucesso é boa considerar algumas situações: a) Áreas de média a boa fertilidade que já estão no processo de integração lavoura-pecuária: Em termos de fertilidade do solo não há restrição, basta apenas tomar cuidado com os nutrientes mais limitantes, procurando aplicá-los numa dose certa e equilibrada que a produtividade certamente será alta; b) Áreas de baixa a média fertilidade que outrora foram cultivadas com soja: Tomando-se os cuidados citados anteriormente, a chance de sucesso será alta, uma vez que já foi introduzido Bradyrhizobium japonicum no solo, e não havendo problemas climáticos, consegue-se uma produtividade em torno de 50 sc.ha já no primeiro ano de plantio direto sobre a pastagem degradada; c) Áreas de baixa a média fertilidade e virgens a cultura da soja: Deve-se triplicar os cuidados, pois o que vai limitar a produtividade da soja no primeiro ano de plantio será a fixação biológica do nitrogênio. Nesta situação além dos cuidados citados anteriormente deve-se utilizar 4 doses de inoculante/50 kg de sementes para tentar garantir uma boa nodulação com estirpes eficientes na fixação biológica do nitrogênio, e de preferência não utilizar fungicida via semente. Portanto, deve-se escolher sementes de soja de boa germinação e vigor e sem problemas fitossanitários; d) Áreas de baixa fertilidade, onde se encontram impedimentos químicos e/ou físicos: Recomenda-se no mínimo seis meses antes do plantio da soja, que se faça à adequação do solo através do preparo com grade pesada, eliminado cupins, arbustos, tocos, voçoroca, etc.; aproveita-se também nesta situação para incorporar os corretivos de acides e fertilidade do solo. Após estes procedimentos, a pastagem forma-se novamente pela sementeira que estava no solo ou pode-se utilizar sementes de pastagens de Brachiaria ruziziensis, Brachiaria decumbens ou Panicum maximum cv. Tanzânia, misturadas com sementes de aveia, milheto ou sorgo forrageiro, deixa-se o gado pastar de 3 a 12 meses, retira-se os animais no mês de setembro, desseca-se a rebrotas das pastagens e faz-se o plantio direto da soja com segurança nos meses de outubro a novembro.



5.7 – Semeadora - Para garantir uma boa semeadura da soja sobre pastagem, é fundamental a escolha de semeadora com chassi reforçado, com equipamentos que possibilitam distribuição uniforme das sementes e do adubo. É importante que a semeadora apresente kits opcionais como por exemplo: kit com disco de corte e sulcador (facão ou botinha) afastado, kit com disco de corte e sulcador com sistema guilhotina, e kit com disco de corte e disco desencontrado ou defasado, pois, para cada situação de solo onde envolve textura, quantidade de palha, compactação e fertilidade, tem um kit (sistema) que melhor se adapta. Por exemplo: solo compactado na superfície, com pouca palha e deficiente principalmente em fósforo, é fundamental o uso do kit com disco de corte e facão afastado, pois o mesmo permite descompactar o solo e aplicar o fertilizante (fósforo) em profundidade (9 –15 cm). Em situação de solo fértil e que apresente também bastante palha, o kit com sistema disco de corte e guilhotina ou disco desencontrado ou defasado, possibilita uma semeadura mais eficiente. Outro cuidado fundamental para o sucesso do sistema é em relação à velocidade de plantio, pois o solo encontra-se com a superfície irregular e compactada, devido ao pisoteio dos animais. Por isso a velocidade de plantio tem que ser menor (4 a 5 km/hora) do que num plantio direto tradicional sobre palhada de aveia, milheto ou milho safrinha. Esta menor velocidade de plantio possibilita uma distribuição uniforme das sementes, aplicação de adubo em profundidade no sulco de plantio e melhor contato semente solo.

Deve-se ter em mente que nestas condições o trator gasta de 10 a 15% a mais de potência.



5.8 - Clima e infra-estrutura necessários para a atividade agrícola

Boa distribuição hídrica;
· Máquinas (trator, semeadora, pulverizador, etc.)

· Estrada de acesso,

· Armazéns,

· Capital necessário para conduzir a atividade.



5.9 – Informações adicionais sobre o Sistema de Integração Lavoura-Pecuária

A compactação do solo sob pastagem é superficial (até 8,0 cm) e temporária. Tomando certos cuidados no plantio, não trás problema para o desenvolvimento da cultura da soja, pois na linha de plantio, a descompactação é feita pelo disco de corte e sulcador, e após a morte e decomposição do sistema radicular das plantas forrageiras ocorre à formação de vários canais permitindo a infiltração de água, ar e o deslocamento de nutrientes em profundidade, descompactando naturalmente o solo. Abaixo dos 8,0 cm superficiais, o solo encontra-se descompactado pela abundância e agressividade do sistema radicular e ausência de pé de grade.

A maior mudança que ocorre neste sistema em comparação ao plantio direto sobre coberturas tradicionais (aveia, milheto, trigo, milho safrinha), diz respeito à relação C:N e a alelopatia. A palhada destas plantas forrageiras apresentam alta relação C:N, chegando a mais de 120:1. Esta alta relação C:N associada a um déficit hídrico no período que vai da dessecação da pastagem até 25 dias após a emergência da soja, ocasiona um grande déficit de nitrogênio no solo. Isto ocorre porque o nitrogênio fica imobilizado pêlos microrganismos do solo e a falta de umidade atrasa o processo de decomposição da matéria orgânica e conseqüentemente a liberação de nitrogênio e demais nutrientes ao solo. Por outro lado, não se tem dados de pesquisa que comprovam o efeito da alelopatia (substâncias excretadas principalmente pelas raízes) ocasionado pelas plantas forrageiras sobre o desenvolvimento da soja. Entretanto, atribui-se também a alelopatia e não somente a relação C:N, o fato que em certas ocasiões, principalmente no plantio direto da soja sobre B. brizantha (braquiarão) quando ocorre demora na morte da planta forrageira, aliado ainda a baixa precipitação no período que vai entre a dessecação até o estádio V4 (± 25 dae), a soja apresenta um desenvolvimento inicial lento e demora em fechar as entre-linhas. Em situações onde a dessecação foi bem eficiente e ocorre boa precipitação pluviométrica neste período, possivelmente a água da chuva lava e/ou dilui estas substâncias alelopáticas, e o desenvolvimento da soja é normal.

Ao se comparar o desenvolvimento inicial da soja em plantio direto após vários anos de pastagem, com o plantio convencional na mesa situação, verifica-se que este último, geralmente proporciona um maior desenvolvimento inicial, principalmente quando não se usa uma correta adubação no sulco de plantio no sistema plantio direto, onde se inclui solubilidade do fósforo e uma dose de nitrogênio para arranque. Isto ocorre porque no sistema convencional ocorre a incorporação da matéria orgânica, aumentando a velocidade de decomposição e mineralização desta, liberando nutrientes ao solo (principalmente nitrogênio e fósforo), como também diminuem possíveis efeitos alelopáticos. Mas este maior desenvolvimento inicial da soja, não significa maior produtividade.

Para evitar tais problemas recomenda-se: 1) Manejar corretamente a pastagem com os animais num período anterior a dessecação para diminuir a quantidade de palha sobre a superfície do solo, pois o excesso de palha neste sistema trás mais problemas que benefícios; 2) Dar um intervalo maior entre a dessecação da pastagem e plantio da soja (10 a 30 dias), possibilitando o estreitamento da relação C:N e lavagem de possíveis substâncias alelopáticas.

No plantio direto da soja sobre pastagem de vários anos, verifica-se para a região de Maracaju (MS), que ao se semear a soja no início do período recomendado com cultivares de ciclo precoce, a colheita da soja se dá no final do mês de fevereiro e início do mês de março, ocorrendo logo a seguir a formação espontânea da pastagem pela sementeira que estava no solo. Este é um fator importante no processo de integração, uma vez que em tono de 80 dias após a colheita da soja tem-se uma pastagem de excelente qualidade a custo zero, na época mais critica do ano, ou seja, nos meses de junho, julho e agosto. Entretanto, ao se utilizar cultivares de ciclo médio, cuja colheita acontecerá após 10 a 20 de março, não há uma boa formação da pastagem proveniente das sementes que estavam no solo, ocorrendo somente no início da regularização das chuvas (setembro a outubro). Neste caso recomenda-se após a colheita da soja o plantio direto de aveia, milheto ou sorgo forrageiro para garantir a produção de forragem para os animais.

No sistema de integração não há uma regra definida para estabelecer o tempo que o agropecuarista ficara com soja ou pastagem na mesma área, pois isto depende da realidade e objetivos de cada produtor, bem como do preço de mercado atual de grãos e da carne, e do tamanho da área com pastagens degradas que se tem para recuperar. Contudo cabe alguma sugestão: a) áreas de baixa a média fertilidade, é interessante se cultivar soja por um período mínimo de três anos, com o objetivo de elevar os níveis de fertilidade do solo e obter o retorno mais rápido do capital investido, uma vez que a cada seis meses, é possível se produzir e comercializar grãos; b) permanecer com pastagem por um período de 1,5 a 3 anos, pois a pastagem se degrada muito rapidamente. Segundo dados obtidos na fazenda Cabeceira de propriedade do Sr Ake B. van der Vinne, uma pastagem formada após 3 anos de soja em solo fértil, obteve-se no primeiro ano o ganho de 25 @ de carne/ha/ano, no segundo ano o ganho foi de 15 @ de carne/ha/ano, no terceiro ano 9 @ de carne/ha/ano e no quarto ano 4 @ de carne/ha/ano, tendo uma redução no potencial produtivo da pastagem em tono de 40 %/ano. Por ser produzida em solo fértil, fica claro que o maior motivo para a redução drástica no potencial produtivo da pastagem é a falta de nitrogênio.

No Sistema Integração Lavoura-Pecuária, o retorno com pastagem definitiva que permanecerá com pecuária num período de 1,5 a 3,5 anos, geralmente ocorre no final do mês de fevereiro e/ou início do mês de março após a colheita da soja de cultivar precoce. Deve-se dar preferência para a formação da espécie forrageira isolada e não em consórcio com milho safrinha, milheto ou aveia, pois isto garante uma formação melhor e mais rápida, e utilizar em torno de 600 Pontos de VC/ha. As espécies forrageiras mais indicadas são: Brachiaria brizantha cv. Xaraés (MG 5); Panicum maximum cv. Tanzânia; Panicum maximum cv. Aruana e Brachiaria ruziziensis (permanência de 1,5 anos) . Recomenda-se semeadura com semeadora no espaçamento de 17 a 21 cm e profundidade de 1,5 a 2,5 cm, a utilização de rolo compactador para melhorar o contato das sementes com o solo, possibilitando melhor absorção de umidade pelas sementes e conseqüentemente melhor germinação e formação das pastagens.

Para dar segurança aos produtores que queiram fazer o sistema em suas propriedades a Fundação MS tem um departamento de consultoria, onde as informações técnicas e acompanhamento nas fazendas são feitas por técnicos especializados da Fundação MS. Maiores informações podem ser obtidas através de:

E-mail: fms.ms@terra.com.br