Sementes Fiscalizadas

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SEMENTES PIRATAS PREJUDICAM DESENVOLVIMENTO NO CAMPO.

SEMENTES PIRATAS PREJUDICAM DESENVOLVIMENTO NO CAMPO. Sementes Piratas Prejudicam Desenvolvimento no Campo.


Ao adquirir um insumo ilegal, diferentemente do que pensa, o produtor não está economizando, mas expondo a lavoura a disseminar pragas A pirataria no Brasil é coisa séria e tem campo. Literalmente. Para quem pensa que no negócio agrícola não tem também gente que age de má-fé, como, em alguns casos, acontece no mercado fonográfico, de filmes, dentre outros, a pirataria de sementes se espalha feito praga no Brasil e tem se tornado uma prática frequente no meio rural, de acordo com Álvaro Peixoto, diretor-executivo de Sementes da Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas (Abcsem). Segundo ele, a associação tem notado, nos últimos anos, um aumento no número de casos de associados que tiveram suas marcas pirateadas no campo. As culturas mais pirateadas, sejam falsificadas ou salvas, são, em grande parte, segundo o Ministério da Agricultura, as que o brasileiro leva mais à mesa, como o arroz (40%) e o feijão (13%). Os casos mais graves são o trigo (66% de pirataria), soja (60%) e algodão (44%).


A perda da produtividade é apontada como um dos principais reflexos da utilização de sementes ilegais ou piratas, como são mais conhecidas no mercado as sementes sem certificação.


Segundo dados do Ministério da Agricultura, 50% das sementes utilizadas no Brasil se enquadram neste perfil. Na soja, estudos apontam que 60% das sementes são ilegais e, no algodão, que ocupa 282.142 hectares de cerrado baiano, a estimativa de utilização de semente pirata é de 44% em todo o País.


Na região do cerrado da Bahia, onde mais de 1,7 milhão de hectares estão plantados na safra 2008/2009, os produtores de soja, que ocupa 965 mil hectares, temem as perdas decorrentes da doença mofo branco, que podem chegar a 50%. O presidente da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), Ywao Miyamoto, ressalta que uma das formas de disseminação por fungo "é através da semente contaminada".


Ele chama a atenção sobre o ganho que o produtor consegue com a semente ilegal, que não passa de R$ 20 por hectare. "Considerando que o custo de produção pode ultrapassar R$ 1 mil, é uma economia pequena para os grandes prejuízos que ele pode ter, como queda de produtividade e proliferação de pragas e doenças", diz Miyamoto, destacando que nenhum produtor de sementes radicado na Bahia é ligado à Abrasem.


LEGISLAÇÃO - O engenheiro-agrônomo Ricardo Cruz, coordenador do projeto de sementes da Fundação de Apoio a Pesquisa e Desenvolvimento do Oeste Baiano (Fundação Bahia) enfatiza que existe o projeto de criar uma associação dos produtores de sementes na região oeste e reconhece que é grande o número de produtores que usam semente de procedência duvidosa.


Para o vice-presidente da Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Sérgio Pitt, é difícil definir o que é pirata, "já que existe legislação que permite ao produtor reproduzir a sua própria semente". Ele diz que a grande maioria dos agricultores do cerrado tem estrutura para classificar o grão "pois é difícil encontrar uma fazenda que não tenha silo, secador e mesa de classificação".


PESQUISA - Presidente da Fundação Bahia, Amauri Stracci confirma essa tendência de produção própria das sementes na lavoura, explicando que, pela altitude do cerrado, "todo grão bem colhido vira semente, diferente do Mato Grosso, onde apenas 5% da área é propícia para a produção de grãos destinados a semente".


Ele defende, no entanto, o reconhecimento dos produtores não apenas ao trabalho desenvolvido pela Fundação BA, que há mais de dez anos faz pesquisa na região e já lançou diversas variedades baianas de soja e algodão, mas também das empresas privadas que investem neste tipo de pesquisa.


"A prova de que a pesquisa é fundamental neste ramo é que há 25 anos nós colhíamos no cerrado baiano a média de 18 sacas de soja por hectare. Chegamos a 35 sacas, saltamos para 50 e hoje temos variedades produzindo até 80 sacas por hectare.

Isso é pesquisa, que só vai conseguir avançar se o produtor valorizar essa semente", diz Stracci. Ao comprar a semente certificada, o produtor ajuda a pagar o custo dos estudos, diz.



Vale: produção no jeitinho brasileiro

CRISTINA LAURA SUCURSAL JUAZEIRO

Fora do cenário do cultivo de melão em larga escala há mais de 20 anos, a região do Vale do São Francisco, em especial nas cidades de Juazeiro e Petrolina (PE), registra pouca presença de sementes falsificadas ou, como os comerciantes preferem chamar, "propagadas". As F1, ou sementes verdadeiras, vindas do laboratório com padronização e boa qualidade, são as mais procuradas, mas quase não existem em lojas de produtos agrícolas e insumos, depois da queda do plantio dessa cultura.

As sementes F1 são vendidas por semente com pacotes de uma ou cinco mil sementes em cada embalagem.

Segundo os vendedores, essa quantidade corresponde a 100 gramas do produto e custa, em média, R$ 120. Mas, para plantar um hectare de melão, seriam necessários pelo menos dez pacotes, onde o custo apenas com as sementes seria de R$ 1.200.

Uma alternativa encontrada e usada por alguns produtores é comprar a semente original, plantar e depois produzir novas sementes, gerando assim as conhecidas como "falsificadas".

O custo dessa atividade que cria uma semente da produção de outra semente é mais baixo, o que deve atrair mais os agricultores que não se preocupam com os riscos do resultado dessa operação paralela e rejeitada por comerciantes e mercado. O preço de 1 kg de sementes propagadas custa R$ 100 e é suficiente para o plantio de um hectare da fruta, muito superior em quantidade à original.


RISCO - A parte ruim dessa aposta é que, das sementes propagadas, saem frutos sem qualquer certeza de qualidade, suscetíveis a doenças, bactérias, eliminado qualquer possibilidade de exportação. Para quem trabalha com venda de produtos agrícolas, quem planta sementes propagadas compra consciente, não há "engano", pois quem decide plantar o melão é indicado por especialistas que indicam onde comprar as F1.


Para o comerciante do setor de produtos e insumos agrícolas em Petrolina José Ramos Filho, essa atividade paralela com sementes propagadas foi o principal motivo da queda do cultivo da fruta na região. "Os produtores perderam a hegemonia porque a imagem da região foi manchada com produto sem qualidade, diferenciandose do melão produzido em Mossoró (RN), que assumiu o lugar do Vale na venda do produto".


Mas ele acredita que a crise enfrentada pelos produtores na fruticultura pode trazer de volta o cultivo do melão a partir de sementes F1. Para José Ramos, a crise que assola hoje o setor agrícola nacional, e no Vale com a fruticultura irrigada, provocou uma consciência retardada de que retomar a cultura com os métodos corretos pode representar o retorno de produção há muito abandonada.


Nas últimas décadas, sobraram poucos produtores de melão no Vale.


André Pavesi, de Petrolina, desistiu do plantio. Mas na Fazenda São Francisco, também na cidade pernambucana, o produtor Manoel Henrique Bezerra cultiva no período da entressafra entre os meses de março e julho.


Com oito hectares da fruta irrigada, colheu cerca de 150 toneladas, a serem comercializadas no Mercado do Produtor de Juazeiro. Manoel afirma que investiu só de semente R$ 8 mil.


"O preço do melão está em torno de R$ 1,4 e já esteve bem mais abaixo", informa.



Soja


A projeção da semente na safra 2008/2009 no País é de 1,2 milhão de toneladas, segundo a Abrasem.

Curiosidade: as lavouras de soja semeadas tardiamente no oeste sofrem com ferrugem da soja. São 272 focos


Algodão


Existem três tipos de semente informal: a de uso próprio (reservada pelo agricultor para uso); pirata, produzida e vendida fora do sistema; não autorizada ou não fiscalizada.


A projeção da semente de algodão representa 44%


Arroz

Das informais, o arroz representa 40% no mercado.


Segundo o Instituto Rio Grandense do Arroz, o Rio Grande do Sul semeou, na safra 2008/2009, 11,4 mil/ha de lavouras inscritas para o cultivo de certificadas


Feijão


A cultura tem projeção para produção de sementes, na safra 2008/2009, de 247,4 mil toneladas. Em estudo da Embrapa Arroz e Feijão, sementes com maior vigor (87%) apresentaram mais vagens por planta


Trigo

A demanda potencial, safra 2008/2009, é de 290,8 mil toneladas. A Embrapa Trigo faz análises de amostras de produtores credenciados no Sistema Nacional de Sementes e Mudas


Produto agrícola pirata é muito difícil de identificar


Sementes de má qualidade: risco é a perda de produtividade


A aparência maltratada ou subnutrida de uma fruta ou hortaliça pode indicar mais do que a falta de cuidados na plantação, colheita, transporte ou armazenamento.

Talvez seja consequência de um defeito de origem. Mais precisamente de uma semente de má qualidade ou pirata, como chamam os produtores oficiais.

No entanto, um produto agrícola pirata não é tão fácil de identificar quanto um DVD pirata.

Para quem consome, a diferença pode ser mínima ou nenhuma.


Para quem produz é que o uso de sementes de má qualidade pode trazer problema sério: o risco de grande perda de produtividade.


Segundo os fabricantes de sementes, metade do mercado nacional é dominado pela produção irregular. Na região de Feira de Santana, por exemplo, de acordo com o técnico agrícola Carlos Carvalho, que trabalha em loja do ramo, tem crescido a incidência do plantio de sementes de capim usado para formação de pastagem.


"É uma semente que cresce fácil, e por isso as pessoas não se preocupam tanto com a produtividade ou a qualidade da semente", especula.


De acordo com a lei 10.711, de 2003, que regulamenta o setor, o agricultor tem o direito de salvar sementes de sua propriedade, para utilizar no plantio do ano seguinte. Mas não pode vender suas sementes aos vizinhos. No entanto, é o que ocorre, sem que a fiscalização dê conta de reprimir a prática.


AUXÍLIO - A fiscalização cabe aos estados. No entanto, eles podem pedir auxílio ao governo federal caso não tenham estrutura para fiscalizar. A fim de compreender a dimensão do problema na Bahia, a reportagem de A TARDE Rural tentou, desde o final de março, obter informações com órgãos públicos.

Na Secretaria de Agricultura, primeira etapa da busca, passamos por EBDA, Adab e pela diretoria de Defesa Vegetal da secretaria, sem obter retorno. Procuramos, então, o Ministério da Agricultura, em Brasília, que encaminhou as questões de volta para a superintendência estadual do ministério, mas nenhuma resposta chegou à redação até o fechamento desta matéria.


PREJUÍZOS - Na ausência de fiscalização e diante de um momento de crise como o atual, aumenta o uso de sementes não regularizadas.


Como a repressão não amedronta a produção e o comércio clandestino, a Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas (Abrasem) desistiu de abordar o problema focando na denúncia da pirataria.


Prefere tentar conscientizar o agricultor de que usar uma semente oficial e inspecionada é vantagem em função da produtividade que será alcançada.


"As empresas de sementes são especialistas na produção deste material. Há investimento em pesquisa e os campos são fiscalizados.


Até a embalagem onde o ar não penetra é adequada para conservar as características originais", prega Álvaro Peixoto, diretorexecutivo da Abcsem.


Segundo ele, alguns produtores chegam até a perder a safra, ao usar produto não certificado.


Ele justifica que, diferentemente das sementes produzidas pelas empresas, as clandestinas não têm muita resistência, pois não recebem o devido tratamento contra pragas e doenças.


Neste caso, desaparece seu principal atrativo: o preço. Uma semente comprada na mão do vizinho chega a custar somente 10% do preço da oficial. Entretanto, é mau negócio, adverte Peixoto, apelando para o argumento de que o gasto com as sementes representa somente um percentual entre 2% e 10% do custo total da plantação.

Fonte: A Tarde - BA.