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Desde a liberação do cultivo da soja geneticamente modificada no Brasil - a chamada soja transgênica -, rios de tinta e toneladas de papel foram consumidos, destacando-se a superioridade técnica da novidade agronômica, a ponto de diversas vozes profetizarem o fim dos cultivos convencionais.


Discussões ideológicas à parte, tais afirmações incorrem em evidente exagero. Se os produtos geneticamente modificados apresentam inegáveis vantagens, o fato é que as culturas convencionais não apenas têm espaço assegurado no cenário da produção agrícola brasileira, como também são aquelas que efetivamente maior valor agregam ao agronegócio nacional. Com efeito, tome-se o exemplo das exportações brasileiras de soja não transgênica. As vendas externas do complexo soja não transgênica (grãos, farelo e óleo) movimentaram US$ 4,7 bilhões, o equivalente a 26,13% do total exportado de soja e derivados, que somaram US$ 17,98 bilhões em 2008.


Com isso, o Brasil figura na liderança mundial da produção e exportação de produtos não transgênicos, posição que, mais do que ser motivo de orgulho, é um diferencial de mercado que merece ser preservado por conta de suas vantagens econômicas. Isso porque os principais países do mercado europeu fazem sérias restrições ao cultivo e à comercialização de grãos geneticamente modificados por razões de biossegurança e ambientais, posição adotada por outras nações asiáticas. E, o mais importante, pagam substanciais prêmios para ter acesso a esses produtos diferenciados.


Para assegurarem a identidade dos grãos não geneticamente modificados que exportam, indústrias e traders arcam com os custos de segregação da produção - o chamado "Hard Identity Preserved", contratando empresas certificadoras independentes, internacionalmente reconhecidas, que atestam a qualidade e a sanidade da produção em todos os seus estágios, do plantio ao transporte, do processamento ao embarque.


Mais ainda: ganham os agricultores que optam pelo cultivo de não transgênicos porque as indústrias e traders que investem neste modelo de produção repassam a eles parte de seus prêmios. Na safra que acaba de ser colhida, cooperativas e agroindústrias pagaram prêmios de até R$ 2 por saca. Como se vê, a produção de não transgênicos não é, em absoluto, uma concorrente dos transgênicos, mas trata-se de atividade de grande complementaridade, que reforça o ingresso de divisas para o País, abre novas oportunidades de negócios para as empresas e injeta renda adicional no campo.


Essa riqueza, obviamente, precisa ser preservada. Seu interesse repousa não apenas no diferencial de mercado que representa, mas também por constituir reserva genética estratégica como alternativa para a ocorrência de fatores imprevistos na produção de grãos geneticamente modificados.


Tais ocorrências, aliás, já vêm sendo registradas: no Mato Grosso, o maior produtor de soja do País, o custo de produção da soja não transgênica na última safra foi de 35,06 sacas por hectare, uma substancial economia de 7,37% em relação ao custo de produção da soja transgênica, que ficou em 37,85 sacas por hectare, conforme dados da COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO (CONAB), órgão do Ministério da Agricultura.


Tal desempenho derruba o mito de que as culturas tradicionais são "atrasadas" e "ultrapassadas". Na verdade, os grãos não transgênicos carregam elevada carga de tecnologia, a ponto de constituírem referência para o trabalho de desenvolvimento genético dos próprios transgênicos.


Prova do potencial produtivo dos grãos convencionais é o trabalho de melhoramento genético que vem sendo desenvolvido pela Embrapa com a soja não transgênica, focado num aumento de produtividade da ordem de 1,5% ao ano, nos próximos dez anos.


Neste debate, por fim, é preciso ter claro que a produção de grãos transgênicos e de grãos não transgênicos não pode assumir contornos maniqueístas. Longe de serem antagônicos e excludentes, os dois sistemas de produção são complementares, sinérgicos. A defesa deste diversificado sistema de produção interessa a todos empenhados na defesa do agronegócio.


kicker: O diferencial de mercado dos não transgênicos tem de ser preservado


RICARDO TATESUZI DE SOUSA - Secretário-executivo da Associação Brasileira de Grãos Não Geneticamente Modificados .

Fonte: Gazeta Mercantil .