Triticale
(Triticosecale Wittmack)
A cultura: o triticale é um cereal de inverno, que resultou da hibridação de duas espécies distintas: o trigo (Triticum aestivum L.) e o centeio (Secale cereale L.). Apresenta a rusticidade do centeio e as qualidades panificáveis do trigo e é o primeiro cereal criado pelo homem, com impacto econômico significativo.
A sua tecnologia de produção assemelha-se com a cultura do trigo. O objetivo era usá-lo para o consumo humano, mas como sua qualidade não foi padrão, o seu uso foi modificado para a alimentação animal, principalmente de aves e suínos. É uma cultura que se adapta a diferentes condições de solo e clima, possui uma alta capacidade de produção, além de ter uma tolerância a solos ácidos e resistência à doenças fúngicas.
Nos sistemas de produção agropecuários vigentes, o triticale ocupa espaço numa enorme gama de aplicações, principalmente na alimentação de animais na forma de forragem verde, feno, silagem de planta inteira ou de grão úmido, grãos secos para rações, duplo propósito (corte e posterior colheita de grãos no rebrote), bem como na cobertura vegetal para proteção do solo e adubação verde.
A área: devido a sua rusticidade e tolerância a condições desfavoráveis de acidez do solo, em especial com referência a toxidade de alumínio, pode ser cultivado em regiões classificadas como ecologicamente marginais à cultura do trigo.
Adubação e calagem: apesar do triticale ser tolerante ao alumínio no solo, a correção da acidez, por meio da aplicação de calcário, tem propiciado incrementos significativos no rendimento dessa cultura. Sugere-se utilizar a dose indicada para a cultura de trigo, levando-se em consideração os seguintes aspectos: (1) utilização integral das indicações para a cultura de trigo, especialmente com relação à rotação com culturas não suscetíveis às podridões radiculares e (2) desaconselha-se re-aplicações de calcário em áreas infestadas com o mal-do-pé.
Nitrogênio: o triticale responde significativamente à aplicação de nitrogênio. A dose a aplicar deverá ser estabelecida em função da matéria orgânica do solo.
OBS: nas regiões onde existe agricultura integrada à criação de aves e suínos, o adubo orgânico poderá ser utilizado e com respostas marcantes à produção.
Devido às similaridades com a cultura do trigo, não há necessidade de elaboração de um zoneamento específico para triticale, portanto, costuma-se utilizar o mesmo zoneamento elaborado para a cultura de trigo. Com isso as épocas de semeadura indicadas para a cultura de triticale podem ser consideradas as mesmas indicadas para a cultura de trigo no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, pois são as que têm maiores probabilidades de apresentarem os melhores rendimentos dentro de cada zona homogênea.
Semeadura: a densidade de semeadura indicada é de 400 sementes aptas/m², preferencialmente em linhas distanciadas de 17 cm ou menos. Indica-se semear o triticale na profundidade de 2 a 3 cm. Nos locais onde existe risco de acamamento, pode-se diminuir a densidade para cerca de 300 sementes aptas/m².
Tratamento de sementes: geralmente as sementes de triticale são infectados por fungos como o Bipolaris sorokoniana, Drechslera tritici-repentis, Stagnospora nodorum e Fusarium graminearum. Devido a isso, deve-se proceder o tratamento de sementes, aliado à prática de rotação de culturas.
Os fungicidas podem ser empregados em lotes de sementes que apresentem um nível de infecção por Bipolaris sorokiniana entre 10 e 40%. Nos lotes com infecção superior a 40% a eficiência do produto é reduzida e, portanto devem ser eliminados.
Controle de pragas, doenças e invasoras:
Para o controle de moléstias, pragas e invasoras pode-se seguir as indicações utilizadas na cultura do trigo. As doenças da espiga, giberela e bruzone são de difícil controle com fungicidas, no entanto, considerando que essas doenças são as que, em geral, causam maiores prejuízos ao triticale, aconselha-se que, ao optar por controle fitossanitário, o agricultor utilize fungicidas que apresentem eficiência aceitável para essas doenças e que a aplicação seja realizada no início da floração plena. As cultivares indicadas para cultivo são resistentes ao oídio e às ferrugens, tornando o seu controle desnecessário.
Colheita: a colheira dependerá da forma com que os grãos ou planta sejam utilizados.
Colheita para feno ou silagem pré-secada: colher as plantas até o estádio do emborrachamento.
Colheita para silagem da planta inteira: colher as plantas quando atingirem o estádio de grão leitoso a pastoso.
Colheita manual: colher quando o grão possuir menos de 25% de umidade (o grão se deforma, sob a pressão dos dedos sem liberar massa) e deixar secar. Deve-se tilhar quando a semente apresentar menos de 14% de umidade.
Colheita mecanizada do grão maduro: colher quando o grão apresentar menos de 14% de umidade (o grão rompe-se, mas não se deforma, sob a pressão de unha) e com menos de 25% de umidade, se houver intenção de secar o grão.
A colheita deve ser realizada o mais cedo possível, para evitar prejuízos na qualidade, no poder germinativo e no vigor. A colheita com menos de 20% de umidade é aconselhável e pode evitar perdas econômicas, quando há ameaça de chuva e facilidade de secagem. Uma precipitação de 50 mm sobre a lavoura em maturação pode reduzir o peso do hectolitro em mais de 5 kg/hL, deteriorando a semente.
Na trilha mecanizada, é importante que a máquina esteja bem regulada e ajustada para colher cereais de inverno de grãos pequenos. Pela maior quantidade de palha, em relação ao trigo, a colheita de triticale deve ser processada em menor velocidade.
OBS: Grãos giberelados
Tanto de triticale, como outros cereais de inverno, quando fornecidos a mamíferos monogástricos, principalmente suínos, podem causar problemas de toxidez. A retirada destes com uma máquina de ar e peneira ou outra prática de seleção, permite que os grãos sadios sejam usados sem problemas na alimentação dos animais. Resíduos das máquinas de limpeza de grãos devem ser cuidadosamente examinados; se contiverem grãos giberelados devem ser queimados para evitar contaminação ou que os mesmos venham a ser acidentalmente ingeridos pelos animais.
Fonte: Informações embasadas nas Recomendações da Comissão Sul-Brasileira de Pesquisa de Trigo, 2004.