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CRISE RESERVA BOAS OPORTUNIDADES AO AGRICULTOR, DIZ HOMEM DE MELO.

Publicada em 24/09/2008 às 10:58:01

CRISE RESERVA BOAS OPORTUNIDADES AO AGRICULTOR, DIZ HOMEM DE MELO.Crise reserva boas oportunidades ao agricultor, diz Homem de Melo




Em vez das perdas esperadas pelo efeito da crise financeira internacional, especialistas e representantes de produtores prevêem momentos de grandes oportunidades para a agricultura brasileira. Eles argumentam que o dólar valorizado deverá garantir uma renda extra ao produtor em reais e compensar com folga a queda das commodities agrícolas nas bolsas internacionais. Acreditam ainda que a alimentação será o último item a ser cortado no orçamento familiar. Há porém alguns especialistas, mais cautelosos, que temem que a moeda americana sofra uma nova desvalorização, caso os especuladores voltem a aplicar nos contratos futuros de produtos agrícolas ou voltem a investir nas Bolsas de valores de países emergentes, revertendo a situação.

O professor Fernando Homem de Melo, da Faculdade Economia e Administração (FEA) da Universidade de São Paulo (USP), está entre os mais otimistas. Ele acredita que a próxima temporada será favorável à formação de lavouras. Para ele, é o prenúncio de um novo ciclo de crescimento agrícola, proporcionado pelo fim do ciclo de valorização do real.

"A situação é inédita", afirmou Homem de Melo. Segundo ele, a agricultura brasileira desfruta de uma dupla vantagem: boa parte dos insumos foi comprada em um momento em que o dólar estava barato e o plantio ocorrerá em um período em que o câmbio está valorizado. Para ele, isso representa um estímulo adicional à produção. O reflexo disso, na opinião do professor da FEA, será um expressivo ganho na renda do agricultor.

Homem de Melo levou em conta o movimento das commodities nos últimos meses e a valorização do dólar estimulada pela crise financeira internacional. Seguindo esse raciocínio, os preços das commodities caíram em média 12% até sexta-feira em Chicago e Nova York, se comparados às cotações médias do primeiro semestre. O dólar comercial, desde 1 agosto, valorizou 17,3%. O valor da moeda americana de sexta-feira foi fortemente influenciado pela atuação do Banco Central, que vendeu dólares ao mercado na tentativa de evitar a sua valorização. Mas o professor da FEA acredita que a tendência é de alta ainda maior.

O resultado, segundo ele, será uma safra bem maior que a colhida neste ano (143,3 milhões de toneladas de grãos). Os prognósticos anteriores a esse movimento previam crescimento modesto para a próxima temporada. Segundo a Cogo Consultoria, o crescimento não seria maior do que 3,5%, ou 148 milhões de toneladas.

O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, também integra o coro dos otimistas. No último dia 16, disse não acreditar que os preços das commodities irão cair ainda mais no mercado. No entanto, especialistas acreditam que o "fundo do poço" ainda é incerto e que o recuo já é uma sinalização do enfraquecimento da demanda mundial. "A velocidade com que as commodities caíram surpreendeu. Embora o tamanho da crise não tenha sido devidamente avaliado , existe um fundamento básico nesse processo que é a contração da demanda", avalia Fábio Silveira, da RC Consultores. Segundo afirmou, isso ocorrerá porque a economia americana representa 25% do Produto Interno Bruto (PIB) global, o que pode fazer essa contração ser irradiada para países da Europa, Japão e na China.

Mesmo se houver um expressivo recuo na atividade econômica mundial, a demanda por alimentos deverá se manter aquecida, especialmente nos países em desenvolvimento, como Rússia, Índia e China, argumenta Homem de Melo. Há ainda os programas de produção dos biocombustíveis, que dão sustentação ao mercado.

O professor de Estratégia da USP, Marcos Fava Neves, observa que se a crise ficar como está, não haverá nenhum reflexo no agronegócio. "Pode ocorrer uma queda na lucratividade com as exportações. Mas o alimento será a última coisa reduzida pelo consumidor". Para ele, só se a situação se complicar surgirão alguns entraves. "A quebra de outros bancos pode reduzir a renda e acabar afetando o consumo, o que prejudicaria o setor.


Fonte: HOMEM DE MELO.USP.