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CRISE AINDA NÃO AFETOU EXPORTAÇÃO AGRÍCOLA.

Publicada em 10/10/2008 às 15:59:56

CRISE AINDA NÃO AFETOU EXPORTAÇÃO AGRÍCOLA.Crise ainda não afetou exportação agrícola



As vendas externas aceleraram em setembro. Eventuais efeitos da turbulência financeira internacional devem ser sentidos no médio prazo, e em menor escala do que na indústria de bens duráveis.


O complexo soja é o principal item da pauta de exportação
São Paulo – A crise financeira internacional ainda não teve impacto nas exportações do agronegócio brasileiro. Segundo dados divulgados esta semana pelo Ministério da Agricultura (Mapa), as vendas externas renderam US$ 6,81 bilhões em setembro, um recorde para o mês. O aumento em comparação com o mesmo período de 2007 foi de 38,5%, acima do crescimento médio registrado no acumulado do ano (29,2%).

Eventuais efeitos, causados por retração da demanda, escassez de crédito e queda dos preços das commodities, deverão ser sentidos no médio prazo, e ainda assim em escala menor do que na indústria de bens duráveis.

Embora os preços agrícolas já tenham caído no mercado internacional, as entregas realizadas até setembro dizem respeito a contratos firmados lá atrás, quando as cotações ainda estavam em alta. Os dados do Mapa mostram que o crescimento da receita das exportações foi superior ao do volume embarcado, deixando claro que os valores pagos foram muito superiores aos do mesmo período do ano passado.

Além disso, a demanda por alimentos tende a ser a última afetada em caso de recessão, afinal as pessoas podem deixar de comprar automóveis ou televisores, mas não de comer. “A comida é o último item que o consumidor corta”, disse o diretor do Departamento de Promoção Internacional do Mapa, Eduardo Sampaio Marques.

De acordo com o professor da Universidade Federal do Paraná e técnico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Eugênio Stefanello, a crise deverá afetar o ritmo de crescimento das exportações de forma gradativa, em parte por causa da diminuição das linhas de crédito para o comércio exterior, e do aumento dos juros dos contratos existentes, e em parte por conta do arrefecimento da demanda. Ele não espera uma queda abrupta das vendas.

Essa lógica parece estar sendo aplicada na prática pelos produtores rurais. A primeira estimativa da safra 2008/2009, divulgada ontem (08) pela Conab, prevê uma colheita de 142,03 milhões a 144,55 milhões de toneladas de grãos, sendo que na última safra, que foi recorde, foram colhidas 143,8 milhões de toneladas. Ou seja, a princípio a previsão é de certa estabilidade na produção.

“Mesmo com a redução da demanda, a diminuição do ritmo das exportações não será tão significativa”, disse o superintendente técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Ricardo Cota. “Afinal a nossa oferta não é tão grande assim a ponto de não ser absorvida. Não vai sobrar alimento”, acrescentou.

Cautela

Stefanello ressaltou, no entanto, que dentro dos dados apresentados pela Conab, alguns números mostram certo resguardo dos produtores. As maiores apostas são no plantio de feijão e soja, em detrimento do milho, por exemplo. “Isso é coerente, a soja tem um custo de produção mais baixo e maior liquidez, já no milho o custo é maior e na última safra tivemos excesso de produção”, destacou.

Divulgação/BM&F
Cotações das commodities caíram no mercado internacional
Mais do que no consumo, os efeitos da crise deverão ser mais evidentes nos preços pagos pelos produtos em dólar. Stefanello observou que durante este ano, desde o pico das cotações até agora, o preço da soja caiu 45% no mercado internacional, o milho 48,7% e o trigo 53,8%. “A composição dos preços antes da crise era entre 50% e 60% oferta e demanda e de 40% a 50% especulação. Com a crise os preços passaram a refletir mais a relação entre oferta e demanda”, declarou.

Na mesma linha, Cota disse que boa parte do capital especulativo que pressionava as cotações foi retirado das bolsas e transferido para investimentos mais conservadores. “O preço caiu, mas não em função da demanda. Essa redução do consumo pode ocorrer caso a crise se agrave, diminuindo o crescimento do comércio ou fazendo que ele se mantenha no mesmo nível”, afirmou.

A forte valorização do dólar frente ao real observada nas últimas semanas deverá compensar em parte a queda das cotações. No entanto, o câmbio deve pressionar os preços dos insumos importados, especialmente fertilizantes. Há, porém, uma oferta grande desses produtos no mercado nacional.

Na seara do crédito, Cota disse que as decisões de plantio da safra atual já foram tomadas. Ou seja, os agricultores já compraram o necessário para produzir. Apesar disso, na semana passada o governo federal antecipou a liberação de R$ 5 bilhões em crédito ao setor agropecuário. Problemas maiores em termos de disponibilidade de recursos deverão ocorrer no financiamento da comercialização da colheita e da próxima safra.


Autor: ALEXANDRE ROCHA
Fonte: ANBA