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BRASIL TERÁ MAIOR FATIA DO COMÉRCIO AGRÍCOLA.

Publicada em 03/11/2008 às 11:20:33

BRASIL TERÁ MAIOR FATIA DO COMÉRCIO AGRÍCOLA.Brasil terá maior fatia do comércio agrícola



Previsão do Ministério da Agricultura para os próximos 10 anos mostra que o país vai responder por 60% das exportações mundiais de carne, 89% do frango, 74% do açúcar e 73% do óleo de soja.

O Brasil vai passar a dominar boa parte do comércio internacional de produtos agropecuários nos próximos 10 anos. De acordo com o estudo “Projeções do Agronegócio Brasil 2008/2009 a 2018/2019”, divulgado ontem pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), as exportações brasileiras de carne bovina vão representar 60,6% do volume mundial em 2018, ante 31% hoje, e as de frango 89,7%, contra 44,6% atualmente.



No caso do açúcar, a participação do Brasil nas exportações mundiais deve passar de 58,4% para 74,3% no mesmo período, as de óleo de soja de 63% para 73,5%, as de soja de 36% para 40% e as de milho de 13% para 21,4%. “Como esses setores têm aumentado muito sua produtividade com preços competitivos, eles deslocam outros fornecedores, como Austrália e Nova Zelândia, por exemplo”, disse à ANBA o coordenador-geral da Assessoria de Gestão Estratégica do Mapa (AGE), José Garcia Gasques, responsável pelo levantamento.

Além disso, alguns países tendem a reduzir sua produção agrícola. Gasques ressaltou, por exemplo, que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos já anunciou que haverá uma redução na próxima safra de milho. “Os EUA são hoje os maiores produtores de milho, então veja o espaço que pode se abrir. Há muito potencial e são boas as perspectivas para o Brasil, pois podemos ainda aumentar muito nossa produtividade”, declarou.Divulgação
Gasques: Brasil vai conquistar parcelas de outros fornecedores


Aliás, o ganho de produtividade promete ser o grande motor do crescimento da produção brasileira. O Mapa espera que a colheita nacional de grãos cresça 29% nos próximos 10 anos, passando de 139,7 milhões de toneladas para 180 milhões de toneladas. Já a produção de carnes deverá aumentar em 51% para 37,2 milhões de toneladas. A área plantada, por sua vez, deve ser ampliada em 15,5 milhões de hectares, ou 21% sobre os cerca de 70 milhões de hectares utilizados hoje, de acordo com Gasques. Ou seja, o acréscimo de produção será muito maior do que a ocupação de novas terras.

Outro fator que deverá impulsionar a produção brasileira é o crescimento do consumo, tanto interno quanto externo. O Mapa prevê aumento de 59% nas vendas externas de grãos e de 55,4% nas de carne. No entanto, 52% da ampliação da produção de soja e milho será destinada ao mercado brasileiro, e 50% no caso das carnes. Só para se ter uma idéia, hoje 80% da carne bovina produzida no Brasil é consumida no próprio país.

Egito

Ainda na seara da demanda, o Mapa destacou os países com maior potencial de crescimento no consumo de carnes. Entre eles estão China, Hong Kong e Egito. O Egito, por exemplo, deverá ter um aumento anual da demanda por carne bovina de 1,15% até 2017 e de 1,35% no consumo de frango, segundo dados do Food and Agricultural Policy Research Institute (Fapri), entidade ligada à Universidade Estadual de Iowa e à Universidade do Missouri, ambas dos EUA.AGE/Mapa
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“As taxas de crescimento são maiores nos países que têm conseguido aumentar a renda de suas populações”, disse Gasques, ressaltando que o consumidor que começa a ter uma renda um pouco maior, passa a consumir mais carne. “A tendência é que o consumo de carne aumento até mais do que a renda”, acrescentou. Nesse campo o Brasil leva uma vantagem extra que é o custo de produção. O país consegue criar gado a pasto com menor tempo para a idade de abate e peso maior, sem necessidade de subsídios.

Sem crise

Ao apresentar o estudo, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, disse que a crise financeira internacional não impedirá o crescimento previsto do agronegócio. Segundo ele, a pesquisa foi feita com uma metodologia que leva em consideração uma série histórica de dados dos últimos 32 anos, período em que várias crises ocorreram. “Nas projeções futuras, a pesquisa leva em consideração a crise atual. Os alimentos são os últimos itens cortados”, ressaltou o ministro, segundo nota do Mapa.

Além disso, Gasques ressaltou que nos últimos anos a demanda mundial por produtos agrícolas cresce mais do que a produção. Essa situação deve continuar com o a crescente urbanização, que resulta em muitos países em queda na produção do campo. “Esse comportamento cria uma boa oportunidade para países como o Brasil, que dominam as tecnologias de produção e têm grande dotação de recursos naturais”, afirmou.

Ele acrescentou que, na elaboração do estudo, a equipe da AGE levou em consideração três fatores de incerteza: recessão mundial, protecionismo dos países e mudanças climáticas severas. Gasques destacou que no período de 32 anos utilizado para fazer as projeções futuras, em sete anos não contínuos ocorreram quedas na produção, seja por motivos econômicos internos e externos, ou problemas com o clima. “Por isso optamos por fazer previsões até conservadoras”, declarou.

Se a crise financeira não representa grande risco, afinal as pessoas não podem deixar de comer, o coordenador da AGR não prevê também uma onda de aumento do protecionismo, uma vez que “o horizonte indica uma posição de difícil reposição de estoques”. Ou seja, a produção de países que adotam políticas protecionistas não será suficiente para atender a demanda.

A variável mais imprevisível é o clima. Gasques lembra, porém, que o Brasil tem ainda cerca de 100 milhões de hectares de fronteiras agrícolas não exploradas ou subutilizadas, sem que seu aproveitamento signifique o desmatamento de florestas, especialmente a amazônica. São pastagens degradadas ou áreas de cerrado.

O levantamento destacou também o aumento da produção anual de etanol, dos atuais 3 bilhões de litros para 9 bilhões, e do leite, de 27,4 bilhões de litros para 36,9 bilhões. Estes, mais o complexo soja (grãos, óleo e farelo), trigo, milho e carnes são considerados os produtos mais dinâmicos. O estudo incluiu ainda a laranja e o suco de laranja, açúcar, feijão, arroz, batata, mandioca e algodão, todos com perspectiva de crescimento na produção, de um mínimo de 0,3% no caso do algodão a um máximo de 173,7% no etanol.


Fonte: A.R. ANBA.