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HÁ ESPERANÇAS PARA O ETANOL BRASILEIRO.

Publicada em 23/01/2009 às 10:40:54

HÁ ESPERANÇAS PARA O ETANOL BRASILEIRO.Há esperanças para o etanol brasileiro





Para tornar claras as qualidades do combustível brasileiro, é preciso encontrar aliados junto à sociedade civil para ganhar repercussão na mídia e junto a políticos







O etanol brasileiro vem acumulando alguns aliados importantes na sua luta para romper as barreiras protecionistas americanas. Segundo assessores do presidente eleito Barack Obama, uma das formas de diminuir a dependência americana em relação ao petróleo, é incentivar o uso do etanol brasileiro. A eleição de Obama parece também ter trazido esperança para o etanol brasileiro. Antes mesmo da vitória do candidato democrata à Casa Branca, o grupo americano Archer Daniels Midland Company (ADM) – um dos líderes mundiais no mercado de biodiesel de soja e etanol de milho – decidiu expandir sua atuação no Brasil e produzir combustível de cana, colocando um dos maiores aliados do “lobby do milho” americano do nosso lado.



Com parceiros de peso como esses está na hora de termos uma estratégia mais atuante e abrangente para não perdermos a oportunidade de finalmente romper as barreiras americanas e consolidar o etanol de cana como o combustível verde mundial. Além dos obstáculos comerciais com os Estados Unidos, o etanol vem servindo de bode expiatório para problemas que vão desde o social e o ambiental, diretos humanos até a crise global dos alimentos.



Colocar o etanol brasileiro novamente como carro chefe dos biocombustíveis, no debate energético global, demanda mais do que iniciativas diplomáticas e discursos presidenciais em fóruns ou viagens internacionais. Precisamos que o governo e o setor privado adotem ações estratégicas mais abrangentes que levem em consideração todas as vertentes de poder em jogo. Para vencermos os desafios que se apresentam é imprescindível contar com o apoio de grupos da sociedade civil americana. Esses grupos têm influência sobre dois instrumentos de poder que estão sendo deixados de lado.



Parte dos problemas que enfrentamos hoje vem da desinformação generalizada e difamação infundada. Esses problemas apontam para a esfera de poder da informação. Para combatermos, por exemplo, acusações infundadas como a de sermos responsáveis pela crise global dos alimentos, precisamos trabalhar ativamente o campo da informação.



O segundo instrumento de poder que está sendo deixado de lado é o político. A estratégia comercial brasileira na esfera política não atentou para a política interna americana e como posicionar nosso combustível perante as prioridades e as necessidades da sociedade.



O Brasil não interage, nem possui canais de comunicação, com importantes atores internos com voz ativa na política domestica americana. Primeiramente vamos analisar a esfera de poder da informação, e como podemos resolver as dificuldades que se apresentam nessa área.



Os formadores de opinião intelectuais são a primeira, e talvez a mais importante, fonte geradora de informação que deve ser acessada.



Na sociedade democrática americana, organizações como os think-tanks são centros de influência poderosíssimos por serem um dos principais atores no processo de análise, formação, avaliação, e pesquisa de políticas publicas. Em outras palavras, os think-tanks são fóruns pluralistas compostos por técnicos, acadêmicos e especialistas com poder de causar impacto na direção do debate domestico e suas políticas públicas.



Esse papel de extrema relevância dos think-tanks demanda que qualquer interessado, com ambições reais de ser ouvido na discussão interna dessa sociedade, possua uma estratégia de relacionamento apropriada com esses centros de conhecimento. Se o Brasil realmente deseja combater a campanha de desinformação contra o etanol e influenciar o debate americano sobre o tema – e, conseqüentemente, o debate mundial –, está na hora de adotarmos uma estratégia sólida de comunicação e aproximação com os think-tanks.



Atualmente, contamos quase que com uma voz isolada defendendo nossos interesses e disseminando conhecimento dentro do universo dessas organizações. O Instituto Brasileiro, dentro do Woodrow Wilson International Center for Scholars, vem de forma estruturada contribuindo para educar, difundir e debater as realidades e benefícios do etanol brasileiro. Porém, precisamos não só fornecer mais apoio a entidades como essa, como principalmente articular uma ação conjunta com outras instituições do mesmo gênero.



Na esfera política também estamos deixando de trabalhar a verdadeira fonte de poder. Se o objetivo é erradicar as barreiras comerciais existentes devemos demonstrar os benefícios que o nosso etanol pode trazer para setores e temas que vão muito além do campo comercial do etanol e dos biocombustíveis. Para fazermos frente ao “lobby do milho” americano precisamos ter como aliados e parceiros diferentes grupos da sociedade.



No modelo americano de democracia, a sociedade civil participa ativamente de forma organizada através de grupos de interesse. É possível ganhar o apoio de muitos desses influentes grupos se nossa causa tiver ressonância com seus interesses centrais. Por exemplo, a independência energética americana dentro do contexto de segurança nacional é uma dessas causas no qual o etanol pode ser parceiro e assim ganhar aliados importantes para influenciar os legisladores.



Não é novidade para os americanos que parte das suas questões de segurança nacional sofrem impacto por sua relação de dependência com regimes autoritários exportadores de petróleo. Para ganharmos o apoio dos diversos grupos que advogam pela causa da independência energética, temos que ter uma estratégia de comunicação e aproximação com uma linguagem e mensagem que faça sentindo e tenha apelo junto a esses grupos.



Em resumo, o nosso etanol pode ter aliados poderosos no debate doméstico americano se for introduzido da maneira correta. O mundo globalizado das sociedades abertas requer muito mais do que diplomacia intergovernamental ou negociações comerciais bilaterais. Isso se torna ainda mais evidente com a crescente politização dos assuntos comerciais.



Precisamos abrir canais de comunicação, relacionamento e desenvolver estratégias de cooperação com diversos setores das sociedades na qual queremos estabelecer parcerias comerciais e não somente com os setores diretamente afetados por um acordo comercial.



O fracasso das negociações da Rodada Doha, da Organização do Comércio (OMC), demanda que atuemos de maneira pragmática e estratégica. Mais do nunca, temos que usar todas as ferramentas disponíveis para fazer avançar nossos interesses comerciais. Com a ausência de um fórum ou estrutura formal para negociações globais, os produtos brasileiros precisam inovar e ser mais arrojadas em suas estratégias de penetração de novos mercados. (Heni Ozi Cukier)





Heni Ozi Cukier é professor de Relações Internacionais da ESPM. Graduado nos Estados Unidos em Filosofia e Ciências Políticas, mestre em International Peace & Conflict Resolution pela American University, em Washington D.C. Trabalhou na ONU, no Conselho de Segurança, dentre outras organizações internacionais e think-tanks americanas. Hoje atua como consultor na área de segurança internacional e estudos estratégicos.



Fonte: Época



Comentário de Telmo Heinen (Abrasgrãos): Não podemos ser “contra” o etanol de milho dos EUA, muito antes pelo contrário: O que seria da sobra de milho, nossa e deles? O que eles também “não engolem” é o abobalhamento pelos beberrões carros FLEX. O negócio deles é o “E85” e o “E60” no inverno, ou seja, álcool misturada com gasolina para melhorar a ignição e o desempenho. O Brasil por sua vez deveria estimular a fabricação de motores a álcool [Puro ou E85] que agradaria ao consumidor internacional.


Fonte: EPOCA