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UM PANORAMA VISTO DA PONTE.

Publicada em 18/03/2009 às 09:46:30

UM PANORAMA VISTO DA PONTE.Um panorama visto da ponte.





Tomo emprestado o título da peça teatral, Arthur Miller, “Um panorama visto da ponte”, estreada em Nova York em 1955. A tragédia do estivador Eddie Carbone nada tem a ver com o panorama que gostaria de tratar neste artigo, exceto pelo nome. No último domingo aguardei ansioso o programa “Globo News Especial”, conduzido pela jornalista Miriam Leitão, tratando da percepção brasileira à crise mundial. Foram convidados os economistas e ex-presidentes do Banco Central, Affonso Celso Pastore, Armínio Fraga e os diretores da Light Energia Elétrica e da Marcopolo, este fabricante de carrocerias de ônibus no Brasil e em vários países.

Foi uma discussão de muito bom nível e bastante didática. Avaliou a chamada crise mundial e depois os seus reflexos sobre o Brasil. Cito a seguir os principais pontos do programa:

1- Os fundamentos econômicos e financeiros do mundo nunca mais serão os mesmos. O mundo, obrigatoriamente, terá que andar para a frente em todos os sentidos possíveis, quando comparado com o período dos últimos seis meses quando se anunciou a crise. “Entramos numa nova realidade e numa nova maneira de funcionar”, segundo Armínio Fraga;

2- O Brasil está recebendo reflexos posteriores da crise. O governo tem acertado mais do que errado no trato com os problemas. Mas na falta de um Congresso Nacional comprometido com a sociedade, empurra para o Executivo todas as ações preventivas e efetivas. “Mas em Brasília não existe um senso de urgência como existe nos Estados Unidos”, acredita Pastore;

3- No Brasil empresas como a Light e a Marcopolo não estão demitindo e nem pensando em demitir. Na Ligth existe inadimplência, principalmente na classe média (justamente a que mais usa o crédito no seu cotidiano de vida) e nas empresas. Estas, pedem para dividir a conta mensal de energia em várias parcelas a serem pagas dentro do mês, de acordo com o fluxo de caixa. Já nas carrocerias de ônibus, na Rússia a fábrica fechou, fechou no México e em outros países europeus, sem chances de reabrir no futuro. Na Índia, o governo criou programas de apoio e as vendas estão em alta no exato momento em que a Marcopolo vai inaugurar a sua fábrica. Na Argentina, proteções do governo mantêm a economia funcionando e as vendas em geral vão bem;

4- Apesar de tudo, mesmo que os bens duráveis sofram crise, as commodities agrícolas estarão bem, porque o mundo não vai parar de comer;

5- O grande desafio do Brasil, “será absorver a China de informalidades que temos dentro da economia brasileira”, afirmou Pastore. O mercado interno brasileiro é pequeno;

6- O mundo sairá da crise junto, porque ninguém é mais uma ilha;

7- Os juros brasileiros deverão cair até o fim do ano para próximo de 4% ao ano;

8- Na energia elétrica, com o petróleo barato como está, as termoelétricas voltarão à cena;

9- Por fim, existem possibilidades de recessão no Brasil a partir do segundo semestre de 2009, até porque o crescimento anterior do país era sustentando por uma grande bolha da economia internacional que não existe mais.


Fonte: ONOFRE RIBEIRO.