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CRISE ARGENTINA MUDARIA " MIX " DE VENDAS DE SOJA DO BRASIL.

Publicada em 20/04/2009 às 09:12:22

CRISE ARGENTINA MUDARIA Crise argentina mudaria " mix " de vendas de soja do Brasil.




A acentuada quebra da safra de soja 2008/09 da Argentina e um possível agravamento dos problemas decorrentes da política tributária no País vizinho podem, no curto prazo, mudar a composição das exportações dos produtos da oleaginosa do Brasil, avaliou nesta quinta-feira a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).

"O Brasil vai procurar aproveitar. No curto prazo, pode ocorrer uma mudança de mix na exportação brasileira", declarou o secretário-executivo da Abiove, Fábio Trigueirinho, comentando os problemas argentinos antes de um evento do setor em São Paulo.

Na quarta-feira, a Bolsa de Cereales da Argentina previu que a safra argentina de soja 08/09 não passará de 37 milhões de t, ante previsão inicial de mais de 50 milhões.

Essa menor produção poderia permitir ao Brasil, com a safra atual estimada em 57,6 milhões de t, o segundo produtor mundial da oleaginosa, ganhar mercado do grão da Argentina.

Mas a indústria brasileira também está de olho nas vendas de derivados, um setor dominado pela Argentina.

"Uma parcela da soja que iria in natura (para exportação) poderia ser processada (e exportada), se a Argentina não conseguir manter a eficiência que ela tem", ressaltou Trigueirinho, citando que frequentemente os produtores argentinos realizam manifestações contra o governo e paralisam suas vendas, o que já tem favorecido o Brasil especialmente nas vendas do grão.

A Argentina, diferentemente do Brasil, tem uma política para promover as exportações do produto com maior valor agregado, taxando as vendas de soja em 35%, enquanto o farelo e o óleo ficam em 32 por cento. A queixa dos agricultores é que, desde o ano passado, essas taxas ficaram mais elevadas.

Já o Brasil isenta de impostos a exportação de soja em grãos, taxando os derivados com o ICMS em 12%.

A Argentina, entretanto, leva vantagem nos custos de produção mais baixos e na logística e infra-estrutura privilegiadas devido à proximidade dos portos de unidades processadoras.

Entretanto, na opinião de Trigueirinho, se os preços dos derivados subirem, até por conta de uma menor oferta argentina, podem criar uma situação de permitir vendas externas de farelo e óleo do Brasil, mesmo diante de condições tributárias não consideradas favoráveis para exportação do produto processado.

"Pode melhorar a margem bruta das empresas, e estimular o Brasil a exportar mais farelo e óleo, não obstante as nossas dificuldades tributárias."

No entanto, pelo menos por enquanto, as exportações do complexo soja do Brasil cresceram basicamente puxadas pelas vendas do grão, em meio a uma demanda firme da China, por um câmbio favorável.

Nos três primeiros meses do ano, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), os embarques de soja do Brasil aumentaram 62% ante 2008, para 3,94 milhões de t. As exportações de farelo no trimestre cresceram quase 300 mil t, para 2,34 milhões de t. Já as de óleo estão inferiores em mais de 100 mil t, para 246 mil t.

O mercado internacional de óleo de soja tem registrado menos transações este ano, observou o analista do Cepea, Lucílio Alves, no mesmo evento em São Paulo.

Mesmo assim, ele aposta que o Brasil tem mais chances de ganhar mercado do grão argentino. "Não se espera que caiam as vendas dos derivados argentinos. Deve cair a de soja em grão."


Fonte: REUTERS