DIRETO DOS EUA: ARGENTINA DEVE TER SAFRA RECORDE DE SOJA COM O FIM DA ESTIAGEM.

Publicada em 31/08/2009 às 11:08:15

DIRETO DO EUA: Argentina deve ter safra recorde de soja com o fim da estiagem



Argentina deve produzir uma safra recorde de 50 milhões de toneladas de soja em sua próxima colheita, já que a chuva deve chegar nos próximos três meses, interrompendo a pior seca do país em um século.

Chuvas torrenciais criadas pelo El Niño, sistema climático que se forma no Oceano Pacífico e influencia o clima em todo o mundo, irá passar por toda área agriculturável do leste do país esta semana e chegar à maior parte das fazendas argentinas até novembro, informou Eduardo Sierra, climatologista da Bolsa de Cereais de Buenos Aires.

“Uma safra recorde do terceiro maior produtor do mundo poderá ajudar a diminuir a falta de estoques de soja”, disse Anne Frick, analista da Prudential Bache Commodities LLC, em Nova Iorque. A colheita argentina havia caído para quase um terço este ano, para o menor volume desde 2004, quando a falta de umidade prejudicou as plantas.

“Nós realmente precisamos de safra sul-americana na primavera”, informou Frick. “Os estoques americanos estão se esgotando”.

O clima mais seco em um século devastou as recentes safras argentinas de soja, milho e trigo e fez com que o plantio de trigo este ano caísse para um volume recorde de baixa.

“A estiagem deve desaparecer em uma grande área entre outubro e novembro”, informou Sierra. “A seca deve permanecer no país por pouco tempo”.

A produção argentina de soja alcançou seu pico de 47,5 milhões de toneladas na temporada de 2006-2007 e caiu para 46,2 milhões no ano seguinte, informou a Bolsa. A safra de 2008-2009, entre fevereiro e junho, teve significativa queda de volume, chegando a 32 milhões de toneladas.

Alta no preço
O contrato mais ativo para a soja future subiu 2,5% este ano, devido a demanda recorde da China pela oleaginosa e devido a preocupações de que a safra americana poderá ser prejudicada por geadas precoces. Ao mesmo tempo, o milho futuro caiu 20% e o trigo caiu 19%.

A Argentina exportou mais de 95% de sua soja em forma de grãos não-processados, ração animal e óleo para bicombustíveis.

“El Niño é nossa única esperança”, informou Martin Otero, que coordena a Hillock Capital Management, uma empresa de investimentos baseada em Buenos Aires, que gerencia 36 mil hectares de fazendas na Argentina e no Uruguai.

“Se tiver umidade adequada, a Argentina deve colher mais de 50 milhões de toneladas de soja este ano”, informou Ernesto Crinigan, presidente da Bolsa de Cereais de Buenos Aires. “Os preços da soja devem permanecer acima da média nos últimos anos”, completou Crinigan.

Queda no milho
Os produtores devem aumentar a sua plantação de soja no lugar no milho, que tem custos de produção mais altos, informou Hugo Biolcati, presidente da Sociedade Rural Argentina, o maior grupo agrícola do país.

A Bolsa de Cereais informou na semana passada que o plantio de milho, que começou este mês, deve cair 20%, para uma área de 2 milhões de hectares , vindo de 2,5 milhões no ano passado e 4,2 milhões na safra 2007-2008. A falta de umidade fez com que a safra de milho, que foi finalizada em julho, caísse para 13,2 milhões de toneladas, de 22 milhões de toneladas na temporada anterior.

“Apesar de as áreas plantadas em soja provavelmente crescerem, os rendimentos devem ficar abaixo do normal, já que os baixos rendimentos de safras atingidas por estiagem deixaram os produtores com pouco dinheiro para comprar fertilizantes, inseticidas e maquinários”, informou Biolcati.

“A seca atingiu com força os produtores”, disse Biolcati. “Isso traz muitas dificuldades no period de plantio, o que irá levá-los a usar menos tecnologia”.

Protesto de produtores
Biolcati é um dos quarto líderes da Argentina que organizam um protesto contra o veto do governo de uma Lei que iria cortar impostos de produtores atingidos pela seca em Buenos Aires. A ação de uma semana, que acaba no dia 4 de setembro, inclui demonstrações em estradas e retenção de grãos de mercados.

A proposta de isenção de impostos seria impossível de ser realizada, disse Anibal Fernandez, chefe de gabinete do governo.

No ano passado, os planos do governo de aumentar a arrecadação de impostos em 35%, nas exportações de soja, provocaram protestos de produtores que seguraram produtos em mercados e fizeram bloqueios nas estradas, causando falta de alimentos em Buenos Aires.


Fonte: Bloomberg .