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MUDANÇAS NO CLIMA PODE PREJUDICAR AGRICULTURA BRASILEIRA.

Publicada em 02/10/2009 às 15:18:37

MUDANÇAS NO CLIMA PODE PREJUDICAR AGRICULTURA BRASILEIRA.Mudanças no clima podem prejudicar agricultura brasileira.



O tornado e as enchentes que atingiram o Brasil no último mês podem ser um indício de um futuro problemático para os produtores, que já se preocupam com os efeitos das mudanças climáticas na produção de um dos maiores celeiros do mundo.

O aumento na temperatura e a mudança nas estações e os climas extremos nas próximas décadas poderão cortar a produtividade em algumas áreas. A Reuters realizou seu artigo com base nas informações de Eduardo Assad, engenheiro agrônomo da EMBRAPA. “O Brasil está vulnerável. Se nós não fizermos nada, a produção de alimentos está correndo risco”.

Assad acrescenta que estão em jogo mais de US$ 250 bilhões em produtos agrícolas, o que representa alimentos para milhões de pessoas e abastecimento de estoques no mundo inteiro das principais culturas exportadas pelo Brasil, como a soja e o café.

Segundo informações do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), as chuvas na região nordeste poderão diminuir ainda mais e as temperaturas poderão subir em 3ºC a 4ºC até 2050, e nas demais áreas do país a temperatura pode subir 2ºC. A Reuters informa ainda que as altas temperaturas poderão comprometer culturas da alimentação base da região, como a mandioca.

De acordo com o estudo feito por Eduardo Assad e Hilton Silveira Pinto, engenheiro agrônomo da Unicamp, as principais culturas do país poderão ser atingidas. O estudo informa ainda que até 2020 a produção de soja poderá diminuir 20% e de café 10%.

Assad e Pinto informam ainda que apenas uma cultura poderá ser beneficiada com o aumento da temperatura: cana-de-açúcar.

Sinais de mudança climática
Há sinais de que as previsões dos agrônomos estão se tornando reais, como os tornados incomuns que atingiram e destruíram casas e lavouras no sul do país.

“Nós estamos vendo o início de mudanças no clima. A frequência e a intensidade das chuvas mudaram consideravelmente e vão continuar mudando”, disse José Marengo, especiaista em clima da INPE.

Em Varginha, região central do estado de Minas Gerais, o agricultor Ivo Bueno Paiva mostra suas árvores de café esgotadas. Ele afirma que em cinco dos últimos 10 anos a precipitação esteve abaixo da média histórica, secando folhas e flores em botão. Milhares de produtores de café já estão lutando com os custos crescentes das lavouras e os preços baixos pagos pelo grão.

De acordo com o estudo de Assad e Pinto, a região é responsável por metade da produção de café do Brasil, mas até a segunda metade do século pode ser que não haja mais produção lá. “As chances de o café sobreviver no sudeste do Brasil são pequenas”. Eles afirmam que mesmo pequenas mudanças na temperatura e nas precipitações podem ser devastadoras para a floração, crescimento e colheita das lavouras.

As chuvas excessivas no sul do Brasil, nos últimos anos, prejudicaram as lavouras de cevada e de trigo. Como resultado, a cooperativa Cotrijal, no Rio Grande do Sul, perdeu por volta de R$ 1,5 milhões em 2008, e as doenças originárias do clima excessivamente úmido também estão prejudicando a produção de trigo este ano. A Cotrijal já instalou estalões de controle climático e pediu orientação de agrônomos da universidade estadual.

“Nós não podemos mudar nosso calendário de plantio, nem as chuvas. Como eu posso minimizar meus riscos? Nós esperamos que a ciência possa prover respostas”, disse Gelson Lima, diretor de produção da Cotrijal.

“Nós podemos precisar o trigo por pastagens ou plantação de árvores”, disse José Maurício, coordenador das pesquisas sobre o trigo na Embrapa do Rio Grande do Sul.

Soluções
A tecnologia pode ajudar os produtores a se adaptarem parcialmente às mudanças climáticas, mas os resultados das experiências têm sido os mais diversos.

Em uma fazenda experimental em Varginha, pesquisadores que tentam mitigar os efeitos da seca plantando café em florestas, um local mais fresco e úmido. Porém, a redução de luz diminui a produção e a impossibilidade de usar máquinas aumenta os custos de produção, mostrou o teste.

Além disso, a irrigação é cara e as fontes de água estão escassas. O cientista governamental Carlos Henrique Carvalho está trabalhando no desenvolvimento de variedades de plantas mais resistentes, com raízes mais longas. Porém, ele afirma que desenvolver novas variedades pode levar décadas.

A empresa Monsanto irá lançar milho e soja resistentes à seca em 2014 no mercado norte-americano, mas apenas cinco anos depois no Brasil. Mas isso é apenas um paliativo para o problema. “Isso pode minimizar o impacto, mas não irão resolver o problema”, informa Rodrigo Santos, diretos de estratégias e gerenciamento de produtos na Monsanto do Brasil.

Mesmo as plantas geneticamente modificadas terão dificuldade de se adaptar às temperaturas, se elas subirem mais de 2ºC, informa Assad. Porém, outros cientistas são mais otimistas.

“Estou seguro de que a ciência poderá trazer 90% das respostas para as mudanças climáticas”, disse Edson Silva, diretor de pesquisas da Epagri, no estado do Paraná, empresa que já exportou uma variedade de mação resistente à seca para a França, Alemanha e outros países.

Mas as pesquisas na maioria das fazendas acabaram de começar e os gastos estão inadequados. Os produtores precisam migrar para outras culturas e investir em infra-estrutura e transporte.

Desenvolver uma nova cultura custa em torno de R$ 12 milhões por ano em uma década e o Brasil gasta apenas uma fração neste setor, em relação ao que deveria investir, informou Assad.


Fonte: REUTERS.