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AGROPECUÁRIA: AGREGANDO VALOR.

Publicada em 03/02/2010 às 10:56:21

AGROPECUÁRIA: AGREGANDO VALOR.Agropecuária: Agregando valor.



É muito usual a visão de que a produção agropecuária não agrega valor. O fato de o Brasil ter se tornado forte exportador de produtos agropecuários é quase apresentado como negativo, pois estaríamos nos tornando um país de "commodities", algo menor. É importante, portanto, debater mais exatamente o que se entende por agregar valor.

Parece-nos que o entendimento seria que a indústria agrega valor, e a agricultura, não, ou não tanto valor. Esse pensamento, base de todo um modelo de desenvolvimento muito usual no passado, não pode ser mais utilizado, pelo menos nos termos simplórios como vem ocorrendo.

Agregar valor certamente é algo positivo. Um produto bruto vendido tal como encontrado na natureza tem pouco valor agregado. Ao processá-lo, acrescentando-se etapas de trabalho manual, há mais agregação de valor. Caso se acrescentem etapas com trabalho intelectual, amplia-se ainda mais o valor adicionado.

Não é suficiente, porém, somente analisar o produto final comercializado. Um barril de petróleo encontrado na superfície da terra certamente tem menor valor agregado do que aquele extraído das profundezas do oceano, que exige tecnologia e investimentos vultosos. O desenvolvimento provocado pela extração do petróleo da camada do pré-sal é certamente diferente do desenvolvimento de uma extração de petróleo na superfície da terra. Será mais diferente ainda se a tecnologia e os investimentos tiverem sido realizados dentro do país.

Também na indústria existem produtos que possuem maior valor agregado do que outros. Produtos que possuem identidades vinculadas a qualidades reconhecidas pelos consumidores têm maior valor agregado. A identidade ou marca pode agregar mais valor do que o trabalho de fabricação. Produtos que embutem tecnologia, resultado de pesquisa e desenvolvimento, agregam o valor da propriedade intelectual existente no produto.

Agricultura, antes de tudo, é fotossíntese. É através da propriedade das plantas de transformarem a energia luminosa solar em energia química, sintetizando dióxido de carbono, água e sais minerais em substâncias orgânicas, que se produzem alimentos, fibras e produtos energéticos. O processo, porém, é potencializado pela ação do homem ao gerir as variedades vegetais e insumos utilizados. Agregar valor maximizando a fotossíntese é o desafio.

Quando se produz um grão de soja no cerrado do Brasil se agrega valor de diversas maneiras. Aproveitando os longos dias dos trópicos, variedades do vegetal, selecionadas através de décadas de pesquisa cientifica, mais recentemente com inovações da biotecnologia, produzem toneladas do feijão soja. O solo do cerrado, há poucas décadas considerado quase inaproveitável, foi corrigido e melhorado com a aplicação de calcário, gesso, fósforo e outros nutrientes necessários para a alta produtividade existente.

A fertilidade do solo foi ampliada, trazendo riqueza para a região. A migração humana trouxe a tecnologia e o trabalho necessários para a produção. Cidades inteiras foram fundadas e cresceram no propósito de realizar a agregação de valor através da fotossíntese.

A produção de soja no cerrado agrega muito ao desenvolvimento nacional. Gera empregos no campo, na indústria de insumos, de máquinas e no processamento, no transporte e também nas cidades das regiões produtoras. Transforma energia solar em alimento criando riqueza. A atividade de processamento industrial do grão de soja, produzindo óleo vegetal e farelo, embora melhor avaliada pelos críticos da agricultura como agregadora de valor, é bastante simples, criando poucos empregos. O que agrega valor é a fotossíntese do setor primário.

É muito importante investirmos em setores industriais e, atualmente, cada dia mais no setor de serviços, que geram desenvolvimento agregando valor ao país. É, porém, complementar ao setor agrícola, que não pode ser menosprezado em seu potencial de criar riqueza e empregos.


Fonte: O GLOBO.