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PRODUÇÃO DE SOJA DEVE MUDAR DE PATAMAR.

Publicada em 05/04/2010 às 15:34:06

PRODUÇÃO DE SOJA DEVE MUDAR DE PATAMAR.Produção de soja deve mudar de patamar.



A supercolheita deste ano abre perspectivas favoráveis para o avanço da soja na safra argentina de 2010/11. Para a Federação Agrária, uma das principais entidades rurais da Argentina, a produção da oleaginosa ultrapassará 55 milhões de toneladas na próxima temporada.

O presidente do grupo Los Grobo, Gustavo Grobocopatel, afirma que o país poderá chegar ao patamar de 60 milhões de toneladas "no curto prazo". Ambos se preocupam, entretanto, com o avanço sobre outros cultivos.


A produção recorde de soja se sustenta no desempenho de algumas regiões, como o sul de Santa Fé ou o centro da Província de Buenos Aires, onde um hectare tem rendido, em média, de 3,6 mil quilos a 3,8 mil quilos nesta supercolheita. Grobocopatel explica que a oscilação da produtividade entre as várias regiões da Argentina é uma das diferenças grandes com o Brasil.


De fato, segundo o último levantamento da COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTOCONAB), a produtividade da soja brasileira deverá alcançar 2.911 quilos por hectare nesta safra 2010/11, mas 15 dos 16 Estados produtores têm rendimento situado na estreita faixa entre 2,7 mil e 3,1 mil quilos por hectare. (


"A produtividade geral da Argentina é muito similar, mas aqui se varia de 2.000 a 4.500 quilos/hectare, dependendo da província, por questões relativas ao clima e ao solo", diz Grobocopatel.


A má notícia é que o avanço da soja na Argentina tem ocorrido em detrimento de outras culturas, como o trigo, além da pecuária. No caso do trigo, controles de preços e o fechamento das exportações para garantir o abastecimento interno afetaram a produção, que caiu de 16,3 milhões de toneladas na safra recorde de 2007/08 para 7,5 milhões de toneladas na temporada 2009/10.


Quanto à carne, o excesso de regulação fez estoque bovino diminuir de 59 milhões para 51 milhões de cabeças em um período de três anos, levando um número considerável de pecuaristas a migrar para o cultivo de soja.


"Nos últimos dez anos, a soja roubou da pecuária 11 milhões de hectares, principalmente no núcleo pampeano", afirma o coordenador da área técnica da Federação Agrária, Luis Contigiani, em referência à área conhecida como Pampa Úmida. Como se trata de uma produção muito voltada ao mercado externo, tem sofrido menos intervenções oficiais também do que o trigo, tornando-se mais previsível e rentável para os agricultores.


"A Argentina entrou em um rumo perigoso de sojização", alerta Contigiani. "Do ponto de vista das contas externas, isso é algo positivo, já que existe uma demanda concreta da Ásia e nós nos colocamos como fornecedores importantes. Mas, no panorama interno, centenas de produtores estão trocando de cultura. Isso deixa a Argentina cada vez mais vulnerável a um só produto. Parece que estamos optando por um modelo produtivo que acelera a concentração empresarial e de terra, divorcia a ruralidade do interior e não fortalece em nada o tecido social."


Um dado curioso é que, apesar do recorde da soja, a produção total de cereais e oleaginosas ainda ficará abaixo das 96,7 milhões de toneladas colhidas em 2007/08. Ou seja, é essencialmente um período de recuperação, após a quebra da safra passada, por causa da seca. O Ministério da Agricultura, em uma estimativa otimista, prevê de 93 milhões a 95 milhões de toneladas para a atual temporada.


Grobocopatel acredita que a Argentina pode dar um salto na produção total e atingir 130 milhões de toneladas, mas enfatiza que "o mais desejável é o crescimento equilibrado entre todos os cultivos", lamentando o atual desempenho do milho e do trigo. "Isso se pode alcançar no curto prazo", diz o empresário.


Para ele, esta é uma safra que permitirá aos agricultores pagar parte das dívidas acumuladas nos últimos anos e iniciar um processo de investimento, ainda tímido, que depende de mudanças políticas para ganhar fôlego. "É preciso ter previsibilidade política para assegurar mais investimentos. Isso depende essencialmente de baixar as retenções e favorecer, em termos tributários, o reinvestimento. No fundo, trata-se de copiar políticas implementadas com sucesso no Brasil e no Uruguai", compara. (DR)


Fonte: Valor Econômico .