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RETROSPECTIVA 2010: CÂMBIO PREJUDICOU EXPORTADORES.

Publicada em 28/12/2010 às 09:12:18

RETROSPECTIVA 2010: CÂMBIO PREJUDICOU EXPORTADORES.Retrospectiva 2010: Câmbio prejudicou exportadores.


Indústrias nacionais ficaram em desvantagem
O dólar caiu e a economia brasileira cresceu. Apesar de parecer uma boa notícia, em 2010 o câmbio prejudicou exportadores e incentivou as importações, deixando indústrias nacionais em desvantagem.

A concorrência com os estrangeiros no mercado interno aumentou. A economia brasileira cresceu 8,4% entre janeiro e setembro na comparação com o mesmo período de 2009, devendo fechar 2010 com um crescimento de pelo menos 7,5%. O país está entre os melhores para se investir e também especular. Este ano, o Banco Central mexeu três vezes nos juros. A Selic em janeiro estava a 8,75% ao ano e agora termina 2010 em 10,75%. A taxa é uma das maiores do mundo e atrai o estrangeiro que toma dinheiro barato lá fora para obter bons rendimentos no Brasil, em uma operação que geralmente começa e termina no mesmo dia.

– Esses investidores vêm com dinheiro para o Brasil, e, ao mesmo tempo, o Brasil tem taxa de juros multo alta. Então, ele vem tanto como investimento produtivo para aproveitar do mercado interno quanto para aproveitar as taxas de juros mais altas – explica o economista André Sacconato.

Os juros altos tendem a controlar a inflação, pois, internamente, o custo dos empréstimos aumenta, o consumo diminui e os preços caem. Porém, ao estimular a entrada de capital estrangeiro no país, a oferta de dólares fez a moeda americana cair também. Chegou a valer R$ 1,88 em maio, ficando em R$ 1,65 quase cinco meses depois. A indústria foi a primeira a sentir os impactos. É o caso da fábrica da AGCO na grande São Paulo. A fabricante de máquinas agrícolas exporta 30% da produção.

– O maior impacto negativo que nós tivemos já, isso vem ocorrendo há algum tempo, é justamente nas exportações. Eu diria que não é só na questão de máquinas agrícolas, mas na economia como um todo, é a perda da competitividade do produto brasileiro lá fora – diz o diretor de produtos da AGCO, Jak Torreta Jr.

A indústria também teve que concorrer com os importados. Como ficou mais barato comprar o produto fabricado no Exterior, as importações de máquinas e implementos agrícolas aumentaram em 50%.

– Nós deixamos o nosso mercado bastante favorável à concorrência internacional. Nós estamos abrindo, permitindo que tenha um flanco aberto contra o setor de máquinas nacional, não só agrícola como todo tipo de máquina – afirma o presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Equipamentos Agrícolas da Associação Brasileira da Indústria do setor (Abimaq), Celso Casale.

O governo federal reagiu. A cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) no mercado de renda fixa subiu duas vezes este ano. Foi de 2% para 4% e de 4% para 6% em menos de um mês. Medidas complementares também foram tomadas, como um aumento de imposto sobre a margem cobrada nas operações com derivativos. Não foi suficiente para conter os especuladores. O dólar continuou em queda no Brasil, acompanhando uma tendência internacional.

– Nós estamos efetivamente interligados. Então, você tem hoje os bancos que emprestam para a Irlanda, que tomam o dinheiro da Alemanha, que toma dinheiro dos Estados Unidos. Enfim, é uma cadeia – defende o gerente de câmbio da Pioneer Corretora, João Medeiros Filho.

Enquanto isso, os exportadores tentam conciliar o dólar baixo com o aumento nos custos de produção. Para as processadoras de suco de laranja, que dependem do mercado externo, os lucros estão menores.

– Nós teríamos que conseguir transferir tudo isso para o produto final. No nosso caso, não é tão simples assim, porque nós exportamos tudo o que produzimos e temos uma limitação de consumo lá fora – diz o presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (Citrus BR), Christian Lohbauer.


Fonte: CANAL RURAL.