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RECUO NOS PREÇOS DOS ALIMENTOS GERA DEFLAÇÃO.

Publicada em 28/08/2008 às 11:03:20

Recuo no preço dos alimentos gera deflação
28/08 - 00:00
Apesar de queda no atacado, analistas duvidam que preço ao consumidor caia com mesma velocidade e intensidade da alta.

O IGP-M, que assustou no início do ano com forte alta puxada pela inflação mundial dos alimentos, registrou em agosto deflação de 0,32%. O motivo foi a queda no preço dos produtos agropecuários, especialmente no atacado, que recuaram 4,81% no mês após subirem 3,69% em julho, o que havia levado o índice a subir 1,76%.

Foi a primeira baixa registrada no IGP-M desde abril de 2006 (-0,42%). No ano, o índice acumula alta expressiva de 8,35%. Nos últimos 12 meses, chega a 13,63%. Conhecido por reajustar os preços de aluguéis e serviços públicos, a expectativa do mercado é que o IGP-M feche 2008 com alta de 10,91%.

A maior queda vista em agosto foi nos preços do atacado, que recuaram 0,74%, depois de subirem 2,20% em julho. Segundo Salomão Quadros, coordenador da pesquisa do IGP-M da FGV, 80% dessa contração dos preços dos produtores foi conseqüência do recuo no preço dos alimentos (-4,81%) e matérias-primas brutas (-4,71%), movimento vivido em todo o mundo por conta do aumento da produção e da expectativa de desaceleração no consumo.

A pesquisa mostra também que a queda dos preços no atacado já chegou ao consumidor. No varejo, a alta de preços foi de 0,23% em agosto -contra 0,65% de julho. Só os alimentos tiveram baixa de 0,46% nos preços, após uma alta de 1,41% no mês anterior.

Para Quadros, há dúvidas se o varejo vai repassar com a mesma intensidade e velocidade a baixa nos preços do atacado, como aconteceu na alta.

"Até o momento, as quedas de preço no varejo estão a metade [da alta]. Pode ser que ainda aconteça nos próximos meses, mas também pode ser a hora de as empresas recomporem as margens [de lucro], que perderam nos últimos meses."

O feijão tipo carioquinha, por exemplo, já caiu 7,55% em agosto no atacado e só 2,92% no varejo. O arroz branco beneficiado recuou 1,9% no atacado em agosto e 2,24% em julho, mas só caiu 0,8% no varejo neste mês (em julho subiu 1,89%).

Outro caso de atraso no repasse da queda de custos foi visto no trigo e derivados. Enquanto o preço do trigo no atacado derreteu 14,48% em agosto, a baixa da farinha de trigo no varejo foi de 2,75%. No caso do pão francês, a baixa no varejo foi de apenas 0,25%.

A única exceção foi o da carne bovina, que recuou no atacado 7,39% em julho e 0,6% e agosto -no varejo, a baixa foi de 6,29% e de 0,3% em julho e agosto.

Para a FGV, a maior preocupação é com o aumento nos preços dos serviços. São os que menos sofrem com a pressão de preços internacionais. Em 12 meses, os serviços não administrados - pessoais, médicos, de transportes etc.- subiram 5,94%; até julho, a alta era de 4,23%. Já os serviços administrados, que têm seus preços controlados, subiram em 12 meses de 2,45% para 2,69%. "A renda é tudo [para o setor de serviços], não tem tanto impacto do crédito", disse Quadros.

Para o economista Elson Teles, da corretora Concórdia, a deflação do IGP-M em agosto "não deixa de ser uma boa notícia", mas não muda o "plano de vôo" do Banco Central, que deverá manter aumento de 0,75 ponto percentual nos juros em setembro.

"Há uma série de dúvidas quanto à demanda e ao crescimento do crédito. Também é cedo para dizer que a alta dos preços dos alimentos está encerrada. [O resultado] garante dois meses sem pressão nos alimentos. Mas, se o preço das commodities cair muito, aí terá impacto no câmbio. Para o IGP-M ficar abaixo de 10%, precisa uma nova queda nos preços agropecuários", disse.

O economista Juan Jensen, do Ibmec-SP, também afirma que a deflação não resolve o problema da alta dos alimentos, que apenas devolveu uma pequena parte da valorização que teve nos últimos meses. Jensen acredita que, quanto mais competitivo for o setor, maior será o repasse da queda nos custos do atacado.

Mantega
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, comemorou ontem a deflação dos preços medidos pelo IGP-M, divulgado ontem. Ele afirmou que o resultado mostra que a "inflação está sob controle no Brasil" e vai ficar dentro da meta neste ano.

"Estou muito satisfeito com o IGP-M. Significa que a inflação no mundo está se desacelerando e no Brasil também. Podemos dizer que a inflação está sob controle e vai ficar dentro da meta", afirmou o ministro da Fazenda. "Eu diria que [a queda da inflação] mostra que o Ministério da Fazenda está certo. E o Banco Central também está certo. Os dois estão certos", concluiu.


Fonte: FOLHA DE SÃO PAULO.