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Especialista em clima defende confinamento de gado.

Publicada em 14/11/2011 às 10:49:42

Especialista em clima defende confinamento de gado.Especialista em clima defende confinamento de gado.


Se a pecuária brasileira continuar sendo desenvolvida em sistema extensivo, ela pode vir a se tornar a maior responsável pelas emissões nacionais de gases do efeito estufa na atmosfera nos próximos anos, superando o desmatamento e os combustíveis fósseis. A tese é do especialista em mudanças climáticas Cláudio Clemente Cerri, professor da Esalq/Usp, que defende o remanejamento das técnicas de criação de gado no Brasil.

“Precisamos aplicar novas técnicas de manejo, mudar as práticas para não transformarmos a nossa valiosa pecuária em atividade poluidora”, ressaltou. Cerri participou do Curso “Como o agronegócio está preparando para a Rio+20&8243;, em São Paulo (SP), organizado pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleo Vegetais (Abiove) e pela Associação dos Produtores de Soja do Mato Grosso do Sul (Aprosoja), direcionado exclusivamente a jornalistas do setor.

De acordo com dados da Esalq/Usp, a pecuária aparece como terceiro maior emissor de gases do efeito estufa, responsável por 12% do total. Antes dela, aparecem o desmatamento (52%) e o uso dos combustíveis fósseis (16%) e, depois, o setor de fertilizantes, que seria responsável por 10% das emissões. “Mas o Brasil está trabalhando intensamente para reduzir os índices de desmatamento e a indústria automobilística e o setor de agroenergia, através da produção dos carros flex e o uso de etanol e de biodiesel, para diminuir as emissões de gases na atmosfera”, compara o professor, alertando que agora, é a pecuária que precisa ser remanejada para também diminuir a produção dos gases metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O), os mais agressivos ao clima, provenientes das fezes e da urina do gado, respectivamente. “A boa da vez é tornar a pecuária uma atividade sustentável”, alerta.

Pecuária responsável

As mudanças nas técnicas de manejo mais indicadas para a pecuária, segundo o professor, seriam o confinamento do gado, a inclusão de sistemas de integração de lavoura, pecuária e florestas (ILPF), o plantio direto na palha e a utilização de dejetos animais para a produção de biogas. “O boi transforma o gás bom em gás ruim porque, no sistema extensivo, ele só se alimenta de gramíneas, que é celulose e lignina. Quando estes alimentos fermentam no rúmen bovino, geram metano e óxido nitroso no organismo do animal, que os libera mais tarde através das atividades fisiológicas”, explica. “Quando confinados, eles passam a ter outras fontes de alimentação, como as proteínas, e produzem menos gases”.

Um estudo realizado pela Associação dos Criadores de Gado do Mato Grosso (Acrimat), em 2010, aponta que, no sistema extensivo seriam produzidos 15 quilos de CO2 por quilo de carne produzida, enquanto no confinamento, a produção de dióxido de carbono cai para 5 quilos por quilo de carne produzida. Cerri ainda destaca que, no confinamento, é possível utilizar os dejetos, sobretudo as fezes, para gerar biogás e bioeletricidade.

O pesquisador João Kluthcouski, da Embrapa Arroz e Feijão, de Goiás, diz que aplicar a técnica de ILPF para recuperar pastagens degradadas devolve aos solos os níveis de nitrogênio originais e a formação de lavouras diretamente na palha (que é quando a terra permanece coberta pela palha seca da cultura anterior) agrega uma elevada quantidade de matéria orgânica. “Revolver o solo para limpa-lo é retirar dele suas propriedades. Deixá-lo coberto com a palha evita a perda de água, de nutrientes e forma uma barreira natural para a erosão e pragas afirma.

Segundo Cerri, somente a adoção do sistema de plantio direto na palha equivaleria a uma redução de 300 milhões de toneladas de gases prejudiciais na atmosfera por ano. “Reduzindo o espaço da pecuária em confinamentos e aproveitando as pastagens para produzir alimentos, não precisaríamos desmatar novas áreas”.

Apesar da pecuária ser apontada como a grande produtora de metano, as plantações de arroz localizadas na Ásia são, de longe, os maiores emissores de metano na atmosfera. Cláudio Cerri explica que, quando o solo é coberto artificialmente com água para a produção do cereal, a reação química gera o gás. “O mundo todo tem que tratar o solo com mais carinho”. O estudo da Esalq/Usp aponta que a agricultura mundial é responsável por 20% das emissões de gases do efeito estufa no planeta, enquanto 66% destes gases vêm da indústria e 14% do desmatamento.


Fonte: Agora MS.