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BRASIL DEVE AMPLIAR O LEQUE DE FORNECEDORES DE POTÁSSIO.

Publicada em 19/09/2008 às 15:18:00

Em busca do potássio


Presidente da Ocepar diz que Brasil precisa ampliar o leque de fornecedores desta matéria-prima usada na produção de fertilizantes, e os países árabes têm tudo para ocupar esse espaço.


Koslovski: Paraná vai acompanhar a missão do MAPA
São Paulo - É no elemento químico potássio que o setor brasileiro de fertilizantes tem maior dependência das importações, que estão concentradas em apenas cinco países. É necessário, portanto, ampliar o leque de fornecedores desta matéria-prima e os países árabes têm tudo para ocupar espaço neste mercado, desde que ofereçam condições equivalentes ou melhores que os atuais fornecedores.

A análise é do presidente da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Sistema Ocepar), João Paulo Koslovski, ao anunciar que as cooperativas paranaenses irão participar de uma missão ao exterior, organizada pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), para buscar novos fornecedores de fertilizantes

João Paulo destacou ainda a importância do mercado árabe para as cooperativas agropecuárias do Paraná citando como exemplo o crescimento constante das vendas externas do setor para aquela região do mundo. “Esse ano, por exemplo, nossas vendas para os árabes irão crescer 25% em relação a 2007, quando as cooperativas do Paraná exportaram para aquela região US$ 80 milhões”, revelou o presidente do Sistema Ocepar, que congrega 82 cooperativas agropecuárias que reúnem cerca de 125 mil cooperados.

O presidente da Ocepar disse, ainda, que em 2009 as cooperativas do Paraná irão investir R$ 1,27 bilhão, o que representa um aumento de 27% em relação ao que o setor investiu esse ano. “Os principais investimentos a serem realizados este ano serão realizados nos setores de carnes, sucro-alcooleiro, estrutura de armazenamento, maltaria e em indústria de óleos. Para 2009, os setores que deverão receber mais investimentos deverão ser os seguintes: armazenagem, carnes, café, leite e frutas”, diz. Veja abaixo a entrevista dele na ANBA.

ANBA: O MAPA, juntamente com cooperativas e associações agrícolas, planeja uma missão ao exterior para buscar mais fornecedores de fertilizantes para o Brasil. Qual a sua opinião sobre a missão e que tipo de resultado o senhor espera? Fertilizantes são, realmente, o calcanhar de Aquiles da agricultura brasileira? Por quê?

João Paulo: O Brasil importa 73% dos fertilizantes que consome. A dependência do produto importado é muito alta. Em 2007, 75% do nitrogênio consumido no Brasil foi proveniente de importação, 51% do fósforo e 91% do potássio. Além disso, o número de países que fornecem este insumo para o Brasil é bastante restrito. Por exemplo, no nitrogênio, 42% das importações provém da Rússia, no fósforo, mais de 50% provém de apenas três países e no potássio toda importação provém de cinco países. Este cenário traz enorme fragilidade ao Brasil, pois qualquer problema com algum destes principais fornecedores gera dificuldades ao país. É necessário, portanto, que se procurem novos parceiros comerciais no fornecimento de matérias-primas visando diminuir a concentração em poucos fornecedores. Faz-se necessário, ainda, que se aumentem os investimentos em produção de matéria-prima nacional para atender a crescente demanda sem que ocorra aumento da dependência de produto importado. Diante deste quadro a iniciativa do Mapa é de suma importância.

As cooperativas do Paraná farão parte dessa missão? Com que proposta?

As cooperativas do Paraná farão parte dessa missão comercial visando a redução de preços a partir da identificação de novos fornecedores.

Sabe-se que os países árabes têm grandes reservas de potássio. Eles poderão ser fornecedores preferenciais do Brasil?

No elemento químico potássio é que o setor brasileiro de fertilizantes tem maior dependência das importações, concentradas em apenas cinco países. É necessário, portanto, ampliar o leque de fornecedores desta matéria-prima e os países árabes têm tudo para ocupar seu espaço neste mercado, desde que ofereçam condições equivalentes ou melhores que os atuais fornecedores.

O senhor confirma a informação de que 15 cooperativas agrícolas do estado, coordenadas pela Ocepar, estão estudando a implantação de uma misturadora de fertilizantes em Paranaguá, onde se localiza o segundo maior porto brasileiro?

As cooperativas estão estudando projetos que permitam a integração do setor em torno dos insumos. As cooperativas estão interessadas em buscar escala e poder de barganha junto ao mercado fornecedor de insumos. Os estudos ainda não estão finalizados e é evidente que um chamamento do próprio ministro Reinhold Stephanes (da Agricultura), propiciou que as cooperativas se reunissem para discutir alternativas de integração, visando atender as demandas de seus cooperados nesta área dos insumos.

Qual a importância do mercado árabe para as cooperativas do Sistema Ocepar? Quanto exporta? Quais os produtos? E as vendas externas para os árabes - quanto irão crescer em relação a 2007?

As exportações para o mercado árabe têm oscilado em torno de 15% a 20% do total exportado pelas cooperativas do Paraná. Os principais produtos exportados são: a carne de frango, produtos do complexo soja e açúcar. A estimativa é de que as exportações para este mercado cresçam cerca de 25% no ano de 2008 em relação ao ano anterior, quando vendemos àquela região do mundo US$ 80 milhões.

Qual será o volume e a receita das exportações das cooperativas do Paraná em 2008? Quanto cresce em relação ao ano anterior? Quais os principais mercados e principais produtos exportados?

Este ano as projeções são de que as exportações atinjam US$ 1,5 bilhão, com crescimento em torno de 40% em relação a 2007. A movimentação econômica das cooperativas agropecuárias deve atingir R$ 20 bilhões. Os principais produtos exportados pelas cooperativas paranaenses são carne de frango e produtos do complexo soja (grão, óleo e farelo). Os dez principais destinos das exportações das cooperativas são em ordem decrescente: China, Alemanha, Países Baixos (Holanda), Estados Unidos, Japão, Rússia, Arábia Saudita, Hong Kong, Paquistão e Bélgica

Qual a participação das cooperativas do estado nas vendas externas do agronegócio paranaense?

As cooperativas exportaram US$ 1,1 bilhão em 2007, o que representou 20% das exportações do agronegócio paranaense naquele ano.

As cooperativas do Paraná investem pesadamente na agroindústria e outros segmentos da cadeia produtiva do agronegócio. Quanto elas irão investir esse ano? Em que setores? Os investimentos cresceram em relação a 2007? Qual é o plano de investimentos para 2009, e em que setores?

No ano safra 2007/08 foram investidos R$ 1 bilhão, já no ano safra 2008/09 devem ser investidos R$ 1,27 bilhão, o que representa um aumento de 27%. Os principais investimentos realizados este ano forão aplicados no setor de carnes, no setor sucro alcooleiro, em estrutura de armazenamento, em maltaria e em indústria de óleos. Para 2009, os setores que deverão receber mais investimentos deverão ser os seguintes: armazenagem, carnes, café, leite e frutas.

O Brasil colheu a maior produção de sua história na safra 2007/2008. O que isso significa em termos de rentabilidade para o produtor? A produção brasileira deve continuar crescendo, em função da crise mundial de alimentos? Qual a sua previsão para a próxima safra?

Apesar da safra recorde e do aumento de produção de 10%, a rentabilidade da safra 2007/08 não esteve no mesmo patamar da safra 2006/07. Ocorreram aumentos expressivos nos custos de produção que diminuíram, em parte, a rentabilidade do setor. Para a safra 2008/09 deverá ocorrer um crescimento, ainda que moderado, na área plantada. Se não ocorrerem quebras de safra, devido à fatores climáticos, poderemos ter aumento de produção e novo recorde histórico, porém com crescimento menor que o potencial. Não fossem os aumentos de preços dos insumos, sem dúvida, o crescimento seria mais significativo. O Brasil possui uma área de 80 milhões de hectares disponível para ampliar suas fronteiras sem prejudicar as reservas e as florestas naturais.

Normalmente quando há aumento de oferta isso significa preço menor para o consumidor. No caso da agricultura, o aumento de produção tem significado alimentos mais baratos na mesa do brasileiro? O senhor poderia citar exemplos?

Em muitos casos sim. Claro que boa parte da produção brasileira de alimentos é destinada para a exportação e seus preços acabam sendo definidos pela oferta e demanda mundial e não no mercado local. O processo de aumento da oferta interna pode ser sentido nos preços de produtos tipicamente de consumo doméstico como o feijão e o leite.


Fonte: ANBA